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15/01/2021

Covid-19: INI integra iniciativa que analisou 250 mil hospitalizações no Brasil


Juana Portugal

Analisar as características dos pacientes internados por COVID-19 no Brasil e examinar o impacto da doença na utilização de recursos e mortalidade hospitalar, esse foi o objetivo do estudo que analisou as primeiras 250 mil hospitalizações por Covid no Brasil, registradas de 16 de fevereiro a 15 de agosto de 2020. “O trabalho traz duas grandes contribuições: a primeira é documentar o efeito da epidemia sobre as populações e o sistema de saúde brasileiro, e o segundo é mostrar a importância de se ter um sistema de saúde justo, inclusivo e equânime especialmente para as populações mais vulneráveis”, explicou Fernando Bozza, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Medicina Intensiva do INI. Os resultados foram divulgados hoje, dia 15 de janeiro, no periódico científico The Lancet Respiratory Medicine.  

O estudo fez uma análise retrospectiva das hospitalizações de pacientes maiores de 20 anos com diagnóstico de COVID-19 confirmado por RT-PCR e registrados no Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (SIVEP-Gripe), sistema nacional de vigilância do Brasil. Os pesquisadores compararam a carga regional de internações hospitalares, estratificadas por idade, admissão em unidades de terapia intensiva (UTI) e o uso de suporte respiratório.

No período estudado foram hospitalizados e registrados no SIVEP-Gripe 254.288 pacientes com diagnóstico de COVID-19 confirmado por RT-PCR. A idade média dos pacientes foi 60 anos, 119.657 (47%) tinham menos de 60 anos e 143.521 (56%) eram do sexo masculino. A carga de hospitalizações foi mais acentuada nas regiões Norte e Nordeste, que possuem menos leitos hospitalares e de UTI per capita, se comparadas com as regiões Sul e Sudeste. No Nordeste, 16% dos pacientes receberam ventilação mecânica invasiva, forma ventilados fora da UTI em comparação com 8% na região Sul. A mortalidade hospitalar em pacientes com menos de 60 anos foi de 31% no Nordeste e 15% na região Sul. “As diferenças regionais de mortalidade intra-hospitalar observadas neste estudo foram consistentes com as desigualdades regionais de acesso a cuidados de saúde de qualidade antes da pandemia, indicando que a COVID-19 afeta desproporcionalmente não apenas os pacientes mais vulneráveis, mas também os sistemas de saúde mais frágeis”, destacou o pesquisador.

Bozza também destacou que os dados de mortalidade hospitalar são muito altos especialmente quando comparamos com outros países que tem populações mais idosas. “A maioria dos países de baixa e média renda tem pouca ou nenhuma informação integrada aos sistemas nacionais de vigilância, que possibilite identificar as características ou desfechos das hospitalizações por COVID-19, bem como o impacto da pandemia nos sistemas nacionais de saúde. No Brasil somos capazes de analisar estes dados porque existe o Sistema Único de Saúde, que integra o sistema de saúde e a vigilância em saúde”, destacou.

O grupo de pesquisa que desenvolveu o estudo também conta com a participação de profissionais da Universidade de São Paulo (USP), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Instituto D’OR de Pesquisa e Ensino (IDOR) e o Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal). A pesquisa contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e do Instituto de Salud Carlos III.

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