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16/11/2021

INI 103 anos: homenagem ao Dr. Manoel Paes de Oliveira Neto, vacinação, efeitos adversos e o trabalho da assistência durante a pandemia de covid-19


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

Após a emocionada homenagem ao Dr. Manoel Paes de Oliveira Neto, pesquisador que faleceu na madrugada do dia 11, Beatriz Grinsztejn, coordenadora do ensaio clínico da vacina da Janssen na América Latina e chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do Instituto, deu início à programação do terceiro e último dia do Simpósio de 103 anos do INI mediando a conferência Trombose trombocitopênica induzida por vacinas para a covid-19, proferida por Daniela Palheiro Mendes de Almeida, pesquisadora da unidade. O encontro virtual contou ainda com apresentações dos serviços de enfermagem e assistência social, e um balanço das internações ocorridas no Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19.

Beatriz Grinsztejn, coordenou a conferência, destacando que a linha de estudo de Daniela analisa os fatores decorrentes de complicações hematológicas da covid, tendo sido a primeira pesquisadora a publicar o único caso de alteração da trombose trombocitopênica relacionada à vacina da AstraZeneca. A médica hematologista iniciou sua fala lembrando que a covid-19 já tirou a vida de mais de cinco milhões de pessoas no mundo, sendo mais de 600 mil somente no Brasil e informou que os primeiros casos da Trombose Trombocitopênica Induzida por Vacina (VITT) foram observados a partir de março 2021, após a vacinação com AstraZeneca em diversos países da Europa e na Austrália. “No Reino Unido foram reportados 424 casos, a maioria após a primeira dose, em quase 25 milhões de vacinas aplicadas. Também recebemos relatos da doença decorrentes dos imunizantes da Janssen, Pfizer e Moderna”, disse.

Daniela informou que os primeiros casos da Trombose Trombocitopênica Induzida por Vacina (VITT) foram observados a partir de março 2021, após a vacinação com AstraZeneca em diversos países da Europa e na Austrália. “No Reino Unido foram reportados 424 casos, a maioria após a primeira dose, em quase 25 milhões de vacinas aplicadas. Também recebemos relatos da doença decorrentes dos imunizantes da Janssen, Pfizer e Moderna”, disse.

Os sintomas apresentados pelos pacientes com VITT são cefaleia grave, alterações visuais, vômitos, dispneia, edema ou dor na perna, entre outros. "Para uma investigação adequada, é necessário fazer um hemograma e uma hematoscopia, exames de imagem para confirmação de trombose baseada nos sinais e sintomas, avaliar o fibrinogênio (fator de coagulação sanguínea) e coletar o exame de Anti PF4-ELISA. Até 5% dos pacientes com VITT podem ter contagem de plaquetas normais na apresentação. A maioria desenvolve trombocitopenia nos dias subsequentes", destacou a médica hematologista. Segundo a pesquisadora, o tratamento é feito com imunoglobina por dois dias, independente do grau de trombocitopenia, além do uso de corticosteróidese, e da utilização da anticoagulação não-heparina.

"Recentemente, venho desenvolvendo um trabalho em parceria Bio-Manguinhos/Fiocruz, para avaliar os efeitos adversos hematológicos das vacinas contra covid. Criamos um comitê de farmacovigilância envolvendo membros da Anvisa, do Programa Nacional de Imunização, além de diversos especialistas e médicos assistentes de todo o Brasil e, entre os produtos gerados, lançaremos uma série de guias rápidos em eventos adversos graves pós-vacinação contra covid-19", afirmou.

Encerrando sua exposição, Daniela destacou que a VITT é um evento adverso muito raro provocado após a vacinação contra covid-19, os sintomas aparecem em até 30 dias após a vacinação, sem causa ou fatores de risco conhecidos até o momento, e o diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para a redução da mortalidade. “Os benefícios da vacina ainda superam os riscos para a Trombose Trombocitopênica Induzida por Vacina”, concluiu.

Assistência no INI

“Coordenar essa mesa redonda é um privilégio porque ela aborda o trabalho do INI na assistência que, nos últimos dois anos, foram de forte atividade porque tivemos que adaptar nossa rotina por conta da pandemia de covid-19. Já tínhamos um trabalho intenso no enfrentamento das diversas doenças infecciosas, e essa epidemia nos trouxe novos desafios envolvendo a pesquisa, o ensino e a assistência, na ampliação da nossa capacidade de atendimento à população, e de auxiliar o SUS no enfrentamento de novas emergências sanitárias com a construção do Centro Hospitalar”, destacou Estevão Portela Nunes, vice-diretor de Serviços Clínicos e coordenador da atividade.

Primeira a se apresentar, Ionara Ferreira da Silva Garcia, da Seção de Serviço Social do INI, falou sobre a contribuição do setor para o resgate da cidadania dos pacientes internados no Centro Hospitalar, informando que a equipe conta com trezes assistentes sociais atuando no Hospital, duas no ambulatório, acompanhadas de uma profissional administrativa, além de sete operadores de Call Center. “Nós fazemos uma avaliação de todos os pacientes que internam no Instituto, através de entrevistas onde vamos levantar a situação social, a composição familiar, dados de renda, entre diversas outras informações, que vão colaborar no processo de tratamento deles, no momento da alta e no pós-alta também”, disse. Ionara explicou as diversas estratégias que o Serviço Social promove para identificar a família de cada paciente, além de como a seção auxilia cada um quando é necessária a expedição de documentos de identificação ou a acesso a diferentes benefícios sociais, por exemplo.

Os cuidados paliativos promovidos no Centro Hospitalar foram abordados por Mariana Machay Pinto Nogueira, chefe do Serviço de Enfermagem do INI. Para falar sobre o tema, a enfermeira destacou a importância da Política Nacional de Humanização do SUS, criada em 2003 para tornar o ambiente de trabalho mais acolhedor através de práticas de atenção e gestão, de forma a qualificar o atendimento à saúde prestado na unidade e incentivar trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários. “Os cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. Temos que lembrar que cada paciente é um ser humano com gostos, desejos e vontades e, na busca por essa humanização, adotamos diferentes estratégias como a dos prontuários afetivos, que trazem diferentes informações pessoais daqueles que estão internados”, destacou. Mariana citou ainda outras estratégias utilizadas pela equipe de forma a tornar o dia a dia do paciente mais agradável como a musicoterapia, a pintura e os banhos de sol, além da “festa da alta”, promovida para cada paciente recuperado de covid que deixa a unidade.

Encerrando as apresentações, André Japiassú, coordenador de Atenção aos Pacientes Internos do INI, mostrou dados das internações hospitalares no Centro Hospitalar no ano de 2021 e falou brevemente da transição pela qual a unidade está passando. “Nós tivemos, em média, 300 internações por mês este ano, quando alcançamos o patamar de 173 leitos ativos, com uma taxa de ocupação de 83%. Aproximadamente 40% dos pacientes internados estiveram em ventilação invasiva. Tivemos um tempo de permanência entre 14 e 15 dias e a taxa de sobrevida hospitalar foi de 67%. A covid é uma doença extremamente grave quando é necessário fazer a internação do paciente”, destacou. Atualmente, o Centro Hospitalar encontra-se em um processo de transição para ser referência em outras doenças infecciosas e isso é decorrente de reuniões com a Presidência da Fiocruz e a Secretaria Estadual de Saúde para a definição da lista de doenças referenciadas, do realinhamento do nome dos leitos na Regulação e do rearranjo de equipes e setores dentro do hospital. “Desta forma, a unidade passa a atender, na UTI, pacientes com Aids, meningococcemia ou febre maculosa, meningite bacteriana aguda, malária grave, febre amarela, entre outras doenças, e na enfermaria dengue, leishmaniose, meningite criptocócica, por exemplo”, informou André.

Homenagem ao dr. Manoel Paes

Na abertura e ao final do terceiro dia do Simpósio INI 103 anos, todos os membros que compõem a Direção do Instituto estiveram reunidos para prestar uma homenagem ao dr. Manoel Paes de Oliveira Neto, que faleceu no dia 11 de novembro. A diretora Valdiléa Veloso conduziu a solenidade, lembrando que o dr. Manoel chegou ao Hospital Evandro Chagas no final da década de 1960, sendo um excelente dermatologista e reconhecido por seu estudo do tratamento da leishmaniose tegumentar com aplicação intralesional.

“Manelão” como era carinhosamente chamado pelos amigos e colegas de trabalho, graduou-se em Medicina, em 1961, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e concluiu o doutorado em Biologia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Contribuiu para a formação de inúmeros especialistas ao longo dos anos nos ambulatórios do INI e de outras instituições de saúde. Foi presidente da Seção do Estado da Guanabara da Sociedade Brasileira de Dermatologia, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e discípulo de João Ramos e Silva, criador do Serviço de Dermatologia do Hospital Gafrée e Guinle.

Dr. Manoel promoveu a criação do Núcleo de Telemedicina do INI visando apoiar os médicos no diagnóstico e tratamento de lesões dermatológicas, ofertar cursos, palestras e atividades on-line. A estrutura foi inaugurada em 2016 através de uma parceria com a Rede Universitária de Telemedicina (Rute).

Assista a íntegra do terceiro dia do Simpósio INI 103 anos na tela abaixo.

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