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03/02/2020

INI celebra Dia da Visibilidade Trans debatendo respeito pela diversidade


Antonio Fuchs

No dia 29 de janeiro, o INI comemorou o Dia da Visibilidade Trans com uma extensa programação que lotou o auditório do Pavilhão de Ensino. Entre mesas redondas que debateram a importância do engajamento comunitário e as novas perspectivas de saúde para esta população junto ao SUS, o encontro apresentou ainda a luta contra o preconceito, as desigualdades e a violência que são diariamente enfrentadas pela pessoa trans através de expressões artísticas e culturais.

A solenidade de abertura contou com as participações da diretora do INI/Fiocruz, Valdiléa Veloso, da pesquisadora da ENSP/Fiocruz, Maria Helena Barros de Oliveira, de José Leonídio Madureira, da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz, do juiz do programa Justiça Itinerante, André de Souza Brito, de Andréa da Luz Carvalho, titular da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz, da pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do INI, Emília Jalil, e da vice-presidente da Associação de Pacientes do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Sônia Fonseca.

Nas falas de todos os presentes o discurso era único: a necessidade de igualdade de direitos para a população trans e de se reforçar o papel do Estado como abrangente e participativo para todos, sem distinção de gênero. “A Fiocruz, que está completando 120 anos em 2020, é uma instituição que defende a vida e temos que seguir divulgando conhecimentos e práticas para construir uma sociedade inclusiva, acessível e equânime para que todos nós possamos viver felizes e em paz”, destacou a diretora Valdiléa Veloso em sua fala.

A primeira mesa do dia teve como tema Olhares trans periféricos: engajamento comunitário trans e contou com moderação do ativista Micael Lopes. Entre as falas dos participantes a necessidade de trazer a população trans para mais perto dos debates públicos e do trabalho nas comunidades para a garantia da cidadania e dos direitos sociais. Outro ponto levantando foi o cuidado da saúde mental da pessoa trans, uma vez que a preocupação com a saúde física, principalmente por conta do processo de hormonização fica em primeiro plano. O trabalho psicológico deve ser feito por profissionais especializados, apoiando continuamente quem está fazendo uso das medicações. Participaram dos debates Carla Silva, do Instituto Nacional de Mulheres Redesignadas; Ariel Louise, do Comitê Comunitário Assessor (CAB, em inglês); Thaylla Vargas, da Rede de Jovens Vivendo e Convivendo com o HIV do Rio de Janeiro; Pablo Henrique Sant e Alessandra Ramos, do Instituto TransFormar; e Larrubia Silva, da Casa Nem.

Já a mesa Saúde da pessoa trans: uma nova perspectiva na realidade do SUS (intersexo e neovagina), coordenada pela psicóloga Cristina Jalil, contou com as participações de Carla Silva, do Instituto Nacional de Mulheres Redesignadas; da ativista Esther Morgannah; do endocrinologista do INI, Leonardo Eksterman; da psiquiatra do INI, Michelle Ramos da Silva; da pesquisadora do INI, Maria Regina Cotrim; e das fisioterapeutas Angélica Leite e Sandra Ferreira. Ao discutirem o papel do intersexo (variações congenitais de anatomia sexual ou reprodutiva que não se encaixam perfeitamente nas definições tradicionais de “sexo masculino” ou “sexo feminino”) na sociedade atual, relatando as dificuldades enfrentadas por conta do preconceito, os presentes abordaram também a chamada ‘neovagiva’, termo usado para as mulheres redesignadas, ou seja, aquelas que fazem operação para troca de sexo. Além de depoimentos e esclarecimento de dúvidas do público, principalmente nos campos endocrinológico e fisioterapêutico, a médica Maria Regina Cotrim destacou a importância de acabar com a utilização do termo ‘neo’, uma vez que a pessoa trans passa a ter uma vagina como qualquer outra mulher.

O terceiro e último debate foi coordenado pela educadora comunitária do INI, Biancka Fernandes, e abordou a invisibilidade trans, trazendo depoimentos da atriz Rebecca Gotto e a dificuldade das pessoas trans serem contempladas em editais culturais; da advogada Patrícia Del Rios, que luta cotidianamente na defesa dos direitos dessa população; e de Jennifer Kelly, que trabalha na Fiocruz há mais de 20 anos e salientou a importância de todas saberem seus direitos no ambiente de trabalho, citando como exemplo o preconceito que algumas sofrem quanto ao uso do banheiro, seja feminino ou masculino.

Atividades culturais encerram o dia

De Normani a Vanusa, o repertório das performances musicais foi bem diversificado, empolgando a plateia presente com shows de Vitoria Françoise, Marie Marques, Marruá, Negrinny Venture, Simone Françoise e Kastellanny. A tarde contou ainda a apresentação da Oficina Transcrições, pela educadora comunitária do INI, Laylla Monteiro, explicando que o grupo busca empoderar, através de produções artísticas e expressões culturais, mulheres travestis e transexuais do estado do Rio de Janeiro, sorteio de brindes e encenação da esquete Relato das três almas, feita pelo Coletivo Transparente, trazendo uma crítica social através da realidade diária de pessoas invisíveis para a sociedade. O Dia da Visibilidade Trans foi encerrado pela pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do INI, Emília Jalil, lembrando que é um orgulho para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas celebrar a data anualmente e seguir com o trabalho engajado em defender esta população e trabalhar no avanço pela garantia de seus direitos.

*Fotos: Paula Gonçalves e Antonio Fuchs

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