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17/05/2018

INI celebra a Semana da Enfermagem 2018


Antonio Fuchs e Mayara Marins

O INI comemorou a Semana da Enfermagem (12 a 20/05) com uma atividade especial em 11 de maio, reunindo enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem que estão preparados, 24 horas por dia, para cuidar e dar assistência a todos aqueles que precisam, observando suas medicações, reações, evoluções e zelando pelo seu conforto e higiene. Este ano, o foco do encontro foi o papel da Enfermagem na linha de frente em epidemias emergentes e reemergentes que o país vem enfrentando, principalmente dentro de um hospital de referência em doenças infecciosas como o do Instituto.

A diretora do Instituto, Valdiléa Veloso, abriu o evento lembrando que a construção do prédio onde funciona o hospital Evandro Chagas foi resultado de um prêmio que Carlos Chagas recebeu ao descobrir a doença de Chagas. “Por conta de um achado científico é que foram obtidos os recursos necessários para que o prédio, já idealizado por Oswaldo Cruz, finalmente se concretizasse”. Valdiléa destacou ainda que o complexo passou por altos e baixos ao longo das décadas, mas quando a epidemia de Aids exigiu dos gestores da Saúde uma reposta mais imediata, o hospital Evandro Chagas recebeu uma série de investimentos para atender aos doentes e capacitar os profissionais para fazer diagnósticos, levando à sua revitalização e fazendo com que voltasse a cumprir seu papel na assistência, na pesquisa e no ensino.

“Na história mais recente foram com as ameaças da SARS, da Influenza e do Ebola, por exemplo, que nós voltamos a ter destaque no enfrentamento das epidemias e buscamos recursos adicionais para o hospital. No caso de doenças emergentes e reemergentes, o INI sempre se faz presente porque é um pilar na resposta para a Saúde Pública e é a Enfermagem que tem esse contato mais direto e contínuo com os pacientes. Por isso é tão importante celebrar essa data e destacar a importância de todo esse corpo de profissionais que colabora com a missão diária desse hospital”, ressaltou a diretora.

Para a chefe do Serviço de Enfermagem do INI, Mariana Machay, o sofrimento dos pacientes atendidos no hospital Evandro Chagas também chega aos profissionais pois cria-se um vínculo muito forte durante o tempo de internação. “Temos que estar preparados emocionalmente para lidar com a angustia e a ansiedade dos nossos pacientes, treinando e capacitando nossa equipe para esses casos, e buscando insumos para promover um melhor atendimento possível porque é pelo bem-estar deles que que nós levantamos todo dia e vamos trabalhar”, informou.

Primeira a se apresentar, a enfermeira Ildener Carmo falou sobre a assistência da Enfermagem no extravasamento de quimioterápicos ministrados nos pacientes do hospital Evandro Chagas. Em sua fala, abordou as condutas que o profissional deve adotar no caso de algum problema durante o tratamento, lembrou que somente a utilização de boas práticas não é suficiente para evitar que incidentes ocorram na administração desses medicamentos e destacou: "É necessário criar uma cultura voltada para o compartilhamento da responsabilidade e a implementação de políticas e normas institucionais a fim de melhorar a segurança, elaboradas a partir de uma equipe multiprofissional com características interdisciplinares”.

Em seguida foi a vez da enfermeira Liliane Oliveira, do Laboratório de Pesquisa Clínica e Vigilância em Leishmanioses do INI, falar sobre os aspectos epidemiológicos e os cuidados adotados pela equipe de Enfermagem do laboratório no tratamento de pacientes com Leishmaniose Tegumentar Americana. Ela informou que de 2010 a 2016, 19.647 novos casos de LTA surgiram no Brasil, com maior densidade nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste do país, sendo 90% deles em pessoas acima dos 10 anos e 74% do gênero masculino.

Encerrando a manhã, a mesa redonda Preparo das equipes para o enfrentamento das epidemias reuniu o chefe do Serviço de Gestão do Trabalho do INI, Nelson Passagem, além de Luciana Bicalho e demais representantes da Coordenação de Saúde do Trabalhador (CST) da Fiocruz. O debate foi mediado por Mariana Machay. Mais do que falar, os participantes da mesa ouviram o que os enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem do INI tinham a dizer sobre a rotina de trabalho e o discurso foi quase unânime, da necessidade de um maior apoio da CST/Fiocruz no enfrentamento das angústias e questões que afetam as atividades desses profissionais, principalmente com relação a saúde mental e o sofrimento vivenciado diariamente, que acabam gerando o adoecimento das pessoas e, consequentemente, o afastamento de suas funções.

A pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, desenvolvida pela Fiocruz, foi apresentada pela equipe da CST durante a mesa redonda que se comprometeu, no segundo semestre de 2018, a organizar uma série de encontros de forma a sensibilizar e colaborar para melhorar a atenção aos profissionais de Enfermagem do Instituto.

Apresentações científicas e música encerram comemoração no INI

A chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids, Beatriz Grinsztejn, ministrou a palestra Profilaxia Pré-Exposição ao HIV, onde falou sobre a implementação da PrEP como uma política pública de saúde no Brasil. A pesquisadora destacou que vivemos uma epidemia concentrada em populações especificas: homens que fazem sexo com homens, mulheres transexuais, usuários de droga, predominantemente crack, e profissionais do sexo, principalmente entre jovens de 15 a 24 anos.

“Nós estimamos que, da população geral que tem Aids no Brasil, 84% já tenham sido diagnosticas e em torno de 60% delas estejam em tratamento. Nosso objetivo é que essas pessoas atinjam uma carga viral indetectável, o que significa uma infecção controlada, fazendo com que sua imunidade seja preservada”, explicou.

Beatriz alertou para a diferença entre PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e PrEP. Apesar das siglas serem parecidas, não se deve confundir a função de cada uma delas. “O uso da PEP se faz quando a exposição ao HIV ocorreu a uma pessoa que não estava prevenida, com a utilização de medicamentos antirretrovirais iniciados o mais rapidamente possível. A PrEP se dá preventivamente, de forma contínua, para aqueles que estão em determinados grupos. Não é para qualquer pessoa, apenas para quem, de fato, corre algum risco de exposição”, alertou.

As acadêmicas do curso de Enfermagem do INI, Juliana Bregunce e Larissa Freitas, conduziram a palestra Cuidados de Enfermagem na administração de Anfotericina B, um antibiótico utilizado para tratamento de infecções fúngicas de formas invasivas e disseminadas. As alunas explicaram que existem tipos distintos de Anfotericina B: o desoxicolato, a lipossomal e a de complexo lipídico, que se diferenciam, por exemplo, no nível de nefrotoxicidade (efeito deletério sobre a função renal causado por um agente químico específico), sendo o desoxicolato o tipo que mais apresenta danos colaterais em sua substância. Elas também destacaram os cuidados necessários que a equipe de Enfermagem precisa para conduzir o tratamento do paciente que utiliza esse tipo de medicação. “É preciso observar manifestações como febre, calafrio, taquicardia, hipertensão arterial, náusea, vômito e taquipneia (respiração acelerada). Temos medicamentos que são utilizados para diminuir os riscos de ocorrer tais reações e que precisam ser administrados antes da infusão da Anfotericina B”, concluíram.

Cultura da segurança do paciente – O que a Enfermagem tem como isso? foi o tema da apresentação do pesquisador do Núcleo de Segurança do Paciente do INI, Eduardo Corsino. Ele explicou que a cultura do paciente se baseia em um ambiente de trabalho dentro de uma instituição que tenha um processo organizacional seguro. Durante a palestra, foi exibido um vídeo sobre um caso de negligência médica que aconteceu em um dos maiores hospitais dos Estados Unidos e gerou debates sobre como é conduzido o tratamento que um paciente necessita.

A programação também contou com a apresentação de uma paródia musical e dança sobre a febre amarela. A performance foi organizada por enfermeiros e técnicos de Enfermagem visando trazer uma maior conscientização para o combate à doença. Ao final do evento foram homenageados membros das equipes de Enfermagem do Instituto que aproveitaram a oportunidade e relataram suas experiências de trabalho diário tanto no hospital quanto no ambulatório do INI.

Fotos: Antonio Fuchs e Mayara Marins

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