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04/02/2020

INI está preparado para atender casos do novo coronavírus


Antonio Fuchs

Embora não haja nenhum caso confirmado no Brasil do novo coronavírus, o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas já está preparado e em constante atualização de seus profissionais, seguindo as normativas estabelecidas pelo Ministério da Saúde e as recomendações internacionais das autoridades de saúde, para atender pacientes no Hospital Evandro Chagas, indicado como referência para receber casos suspeitos da doença no Estado do Rio de Janeiro. Este foi o foco das apresentações realizadas na segunda-feira, 03 de fevereiro, por especialistas da Coordenação da Atenção de Pacientes Internos, do Serviço de Vigilância em Saúde, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e do Serviço de Enfermagem para a comunidade do INI, em atividade que lotou o auditório do Pavilhão de Ensino.

Primeira a se apresentar, a chefe do Serviço de Vigilância em Saúde (SEVS), Mayumi Wakimoto, falou dos aspectos de vigilância do novo coronavírus, que é proveniente de uma família de vírus (Coronaviridae) que causam de resfriado comum a doenças mais graves como SARS (SARS-CoV) e MERS (MERS-CoV). Este novo agente (nCoV-2019) foi descoberto em dezembro de 2019 após casos registrados na China e decretado como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional pela Organização Mundial de Saúde em 30 de janeiro de 2020, ao constituir risco de saúde pública para outros países por meio de propagação internacional de doenças.

“Desta forma, o Brasil estabeleceu um Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE-nCoV), envolvendo representantes do Ministério da Saúde, Anvisa, Opas, Instituto Evandro Chagas e Fiocruz para acompanhar diariamente a situação do novo coronavírus”, explicou Mayumi. Além disso, a Fundação Oswaldo Cruz instituiu uma Sala de Situação com o objetivo de ampliar o conhecimento, monitorar e acompanhar a situação do 2019-nCoV, contando com representantes de várias unidades da instituição, das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, entre outros órgãos governamentais.

Até 03 de fevereiro, a OMS confirmou cerca de 20 mil casos do novo coronavírus no mundo, sendo mais de 98% na China e 425 mortes neste país. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil está investigando 14 casos suspeitos (dados de 03/02/2020), já tendo descartado outras 13 possibilidades. Até o momento, nenhuma infecção foi confirmada no país.  

A chefe do SEVS explicou ainda a diferença entre caso suspeito, que são aqueles em que a pessoa apresenta febre e sintomas respiratórios (tosse, dificuldade para respirar) e histórico de viagem para a área com transmissão local nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas ou contato próximo com caso suspeito para 2019-nCoV; ou febre ou sintomas respiratórios (tosse, dificuldade para respirar) para quem nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas tenha tido contato próximo (estar a aproximadamente 2 metros de um paciente suspeito, dentro da mesma sala ou área de atendimento por um período prolongado sem Equipamento de Proteção Individual - EPI) com caso confirmado em laboratório para 2019-nCoV; caso provável, cujo teste seja inconclusivo para 2019-nCoV ou com teste positivo em ensaio de pan-coronavírus; caso confirmado, que é o indivíduo com confirmação laboratorial para 2019-nCoV, independentemente de sinais e sintomas; e caso descartado, com resultado laboratorial negativo para 2019-nCoV ou confirmação laboratorial para outro agente etiológico.

Manifestações clínicas

Já as manifestações clínicas do novo coronavírus foram abordadas pela coordenadora da Atenção de Pacientes Internos do Hospital Evandro Chagas, Denise Medeiros. Entretanto, antes de tratar do tema em questão, a médica intensivista lembrou que das dez principais causas de morte no mundo, a pneumonia está em terceiro lugar. “É a infecção que mais leva a admissão hospitalar e a que mais interna em UTI. Há algum tempo sabemos que ela ocorre por conta de vírus e que não vamos conseguir tratar com apenas com antibióticos”, explicou.

Os quadros clínicos associados à infecção pelo novo coronavírus vão desde o assintomático, passando por doença não complicada, como mal-estar geral, tosse, dor de garganta, mialgia (sem dados publicados), pneumonia leve (sem insuficiência respiratória), pneumonia grave (com insuficiência respiratória), que pode chegar a ser uma Sara (Síndrome de Angustia Respiratória do Adulto), uma sepse ou um choque séptico. “Todos os quadros clínicos podem transmitir a doença. Uma criança assintomática pode infectar um idoso que vá evoluir para quadro grave e óbito. Entretanto, não existem dados ainda sobre o tempo que a pessoa leva para eliminar o vírus”, ressaltou Denise. Entre os métodos de diagnóstico para infecção pelo 2019-nCoV está o exame de PCR em tempo real de secreção respiratória ou da secreção do trato respiratório inferior. Os tratamentos adotados na China relatam pacientes que receberam antibióticos para pneumonia bacteriana, sendo testadas ainda drogas como oseltamivir, ganciclovir, entre outras.

Preparação do Hospital Evandro Chagas

As orientações de biossegurança no atendimento a casos suspeitos ou confirmados do novo coronavírus para quem for internado no Hospital Evandro Chagas do INI foram tratadas pela coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Diana Galvão Ventura. Ela explicou que uma equipe restrita ao mínimo necessário composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas terão acesso aos pacientes de forma a minimizar os riscos de disseminar a doença, uma vez que a infecção costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas como gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

“Precaução padrão (higienização das mãos/uso de EPI), precaução de contato/gotículas (capote descartável de manga longa não estéril, luvas de procedimento, protetor facial ou óculos, máscara cirúrgica) e precaução aérea (máscara PFF2, preferencial) são as principais prevenções recomendadas no atendimento ao 2019-nCoV para os profissionais de saúde. Estamos com tudo preparado em nosso Hospital. Além disso, devemos evitar os deslocamentos desnecessários do paciente e, quando inevitável, colocar máscara cirúrgica nele e EPI apropriado no profissional que fará o transporte”, salientou Diana.

Encerrando as apresentações, Renato França, do Serviço de Enfermagem, falou como será feito o fluxo de atendimento a casos suspeitos e/ou confirmados da doença no Hospital, informando que na chegada do paciente ao ambulatório, ele deverá solicitar uma máscara e o profissional da recepção acionará a equipe de enfermagem para priorização do atendimento, seguido da equipe médica. Em caso de internação, o Hospital Evandro Chagas conta com dois quartos adequados para esse tipo de demanda, cada um contando com banheiro individualizado.

“É obvio que o novo coronavírus é uma preocupação e temos que estar preparados porque há uma chance do vírus chegar ao Brasil; e temos agora toda essa questão dos brasileiros que serão repatriados da China. Mas é importante ressaltar que a taxa de letalidade deste vírus é baixa, não tão maior do que a dengue, por exemplo. É óbvio que é uma apreensão a mais para nós termos, como cidadãos e profissionais de saúde, mas é algo que a gente precisa olhar através de uma certa perspectiva diante dos desafios de saúde que a gente já tem no Brasil hoje em dia, que já são bastante altos”, garantiu o vice-diretor de Serviços Clínicos, Estevão Portela.

Para mais informações sobre o novo coronavírus, acesse as páginas especiais do Ministério da Saúde ou da Agência Fiocruz de Notícias. Confirme sempre as notícia sobre o 2019-nCoV e evite espalhar Fake News.

*Fotos: Antonio Fuchs

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