Na sexta-feira, 29 de novembro, o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas promoveu o 21º Café Positivo para celebrar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado em 01/12. Organizado pela Direção do Instituto e a Associação Lutando para Viver-Amigos do INI, com apoio da Asfoc-SN, um café foi oferecido a mais de 200 pacientes e trabalhadores da unidade. Em sua fala, a diretora Valdiléa Veloso destacou a importância do trabalho coletivo para diminuir o estigma e a discriminação sofridos pelo portador do vírus da Aids.
Valdiléa exaltou a importância da pesquisa clínica desde a descoberta dos primeiros casos da doença no início da década de 1980. “Até 1983 não sabíamos como seria possível diagnosticar a doença. As pesquisas permitiram que a gente entende o vírus, isolasse e desenvolvesse os testes. A partir de 1985 o diagnóstico começou a ser ampliando e tivemos uma melhor compreensão do que era a infecção pelo HIV e quais as populações mais afetadas. No inicio havia um estigma muito grande, falava-se de doença gay, algo que foi muito deletério e foi a pesquisa clínica que nos fez perceber que se tratava de uma infecção que pode afetar toda e qualquer pessoa que se expusesse ao vírus”, disse.
A diretora destacou também que foram as pesquisas que permitiram a busca por diferentes tratamentos, primeiramente com a utilização do AZT, um dos primeiros fármacos utilizados como antirretroviral. “Agora temos uma miríade de medicamentos que faz com que a gente adapte o tratamento da doença de acordo com a necessidade de cada um”.
Papel do INI
“Nossa instituição tem uma tradição histórica na luta conta a Aids. Formamos os primeiros gestores do Rio de Janeiro aqui no nosso Instituto, acolhemos e abrimos leitos quando não havia em nossa cidade. Desenvolvemos o nosso serviço e hoje somos a unidade com o maior número de pacientes acompanhados em todo o Estado, e um dos maiores do país. Conseguimos ofertar os antirretrovirais fornecidos pelo Ministério da Saúde, além de outros medicamentos que os pacientes precisem para prevenir a ocorrência de doenças oportunistas, por exemplo”, destacou orgulhosa Valdiléa.
Segundo a diretora, o INI busca sempre melhorar a qualidade de vida de seus pacientes e nos últimos anos teve a satisfação de proporcionar às pessoas trans condições para tratar a sua saúde de forma digna e adequada. “Nós fazemos o diagnóstico, temos a nossa mandala da prevenção combinada, ofertamos PrEP e PEP, oferecemos preservativos masculino e feminino, entre outros serviços. Se nós não combatermos o estigma e a discriminação não vamos controlar a epidemia mesmo que tenhamos acesso a todas as tecnologias disponíveis”, afirmou.
Valdiléa destacou ainda um dos conhecimentos adquiridos através das pesquisas clínicas e que precisa ser amplamente divulgado que é o fato das pessoas que vivem com HIV, que estão em tratamento e que teêm a carga viral indetectável, não transmitem o vírus por via sexual. “Nós fizemos estudos aqui no INI que ajudaram a compor um conjunto de resultados que permitiu fazer essa afirmação. É importante que a gente conheça e ajude a disseminar essa informação porque a maior parte das pessoas com HIV ainda não sabe disso. Isso é um fato importante para a qualidade de vida e para diminuir também o estigma e a discriminação. Vamos celebrar a vida e contribuir para uma sociedade melhor e mais igualitária. Esse é o papel de todos nós, pacientes, profissionais, amigos e familiares”, informou.
Ao ouvir o relato de um paciente que disse conviver com o vírus há 35 anos, casado, pai de duas filhas e que nenhuma delas é portadora da doença, Valdiléa ressaltou a importância do tratamento e do acompanhamento contínuo feito no INI, lembrando que declarações como essa são a “prova viva” da eficiência das pesquisas realizadas no Instituto.
O 21º Café Positivo contou ainda com as participações da vice-presidente da Associação Lutando para Viver-Amigos do INI, Sonia Fonseca, e do representante da Asfoc-SN, Alcimar Batista. Ambos destacaram, em suas falas, a importância da celebração da data para comemorar os avanços das pesquisas no tratamento do HIV.
*Fotos: Antonio Fuchs e Juana Portugal