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01/11/2019

Sífilis avança no Brasil


Antonio Fuchs

No Brasil, o aumento no número de casos de sífilis vem sendo registrado em todas as regiões. É o que informa o último Boletim Epidemiológico de Sífilis publicado em outubro de 2019 pelo Ministério da Saúde (MS). Os dados mostram que em 2018 foram notificados mais de 158 mil casos de sífilis adquirida (transmitida de uma pessoa para a outra durante a relação sexual), representando um crescimento de 28,3% em relação ao ano de 2017. O boletim revela também que 53,5% dos casos identificados aconteceram na Região Sudeste,  e o Rio de Janeiro está entre os cinco estados brasileiros com taxa maior que a média nacional, com 90,5 casos por 100 mil habitantes.

A pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do INI, Ruth Khalili, explicou, em reportagem para o jornal O Globo, que muito do aumento de casos pode estar relacionado a inúmeros fatores, dentre eles a falta de informações sobre a doença e sua prevenção, o uso de drogas ilícitas e álcool, a despreocupação nos relacionamentos, principalmente entre jovens e adolescentes, e também à dificuldade que os médicos vêm enfrentando para definir um novo caso de sífilis em pessoas previamente tratadas.

O documento destaca também que houve um aumento de 25,7% entre 2017 e 2018 nos casos registrados em gestantes e que um dos maiores problemas da sífilis é a contaminação do bebê. Segundo a pesquisadora do INI, “se a doença não for diagnosticada no pré-natal ou mais para o fim da gestação, há um risco grande para a criança. O teste para sífilis deve ser feito na primeira visita de pré-natal, no início do terceiro trimestre e no parto. Por isso, é importante conhecer o histórico de sífilis, as exposições passadas e tratamentos realizados e nunca perder a oportunidade de testar a gestante”.

Sífilis

Considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), a sífilis é provocada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida por via sexual e durante a gestação de mãe para filho através da circulação sanguínea. É uma das doenças cujo crescimento aponta para a consolidação de um cenário de epidemia.

A sífilis causa, dentre outros sintomas, lesões no pênis, na bolsa escrotal, na vulva e vagina, na região anal, na boca e internamente nestes órgãos, podendo eventualmente estar em outras regiões. O contágio ocorre através do contato com essas lesões durante a relação sexual. Se não tratadas, as lesões podem desaparecer sozinhas. No entanto, a doença não está curada e pode trazer consequências graves depois de muitos anos. O teste diagnóstico é oferecido gratuitamente no Sistema Único de Saúde e deve ser ofertado a todas as pessoas sexualmente ativas, independente de presença de queixas suspeitas. O tratamento da sífilis é feito através do uso de antibióticos, sendo a penicilina a forma mais indicada. Quanto mais rápida a doença for diagnosticada, mais simples será o tratamento, permanecendo uma cicatriz no sangue na maioria dos casos. É importante lembrar que a sífilis é altamente curável, mas não gera imunidade, e por isso a pessoa pode se re-infectar se exposta novamente. O uso do preservativo pode evitar o contágio caso a lesão esteja em uma região coberta por ele.

“Quando você trata uma pessoa, ela precisa retornar com regularidade, em um período de dois anos, para fazer os exames de monitoramento. Na maioria dos casos isso não acontece e você não tem como definir se o caso identificado foi adequadamente tratado. Muitos pacientes não completam o tratamento ou o fazem em intervalos inadequados. Muitos não terminam os exames de monitoramento e entram em risco novamente. O médico opta por retratar indicando como um novo caso”, disse Ruth Khalili, salientando que isso dificulta ao profissional de saúde a diferenciação entre sífilis tratada, caso novo ou falha de tratamento em pacientes previamente medicados, o que certamente reflete nos dados apontados no boletim epidemiológico do governo federal.

Saiba mais sobre a sífilis na página do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde.

* Texto produzido com informações da reportagem Casos de sífilis sobem quase 30% no Brasil, publicada na edição de 23 de outubro do jornal O Globo.

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