• Diminuir tamanho do texto
  • Tamanho original do texto
  • Aumentar tamanho do texto
  • Ativar auto contraste
Selecione uma tarefa

Início do conteúdo

27/08/2018

Sarampo: vacina é a maior proteção


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

O médico infectologista do Laboratório de Pesquisa em Imunização e Vigilância em Saúde (Livs/INI) e coordenador do Programa de Residência Médica do INI, Alberto Lemos, foi o convidado da sessão clínica de 09 de agosto que abordou a epidemiologia atual do sarampo. A doença, de natureza viral, é infecciosa e extremamente contagiosa, podendo ser transmitida através da fala, tosse e espirro a pessoas de qualquer idade, mas pode ser prevenida com o uso da vacina.

Durante sua palestra, Alberto Lemos explicou que o tempo de incubação do vírus varia de sete a 21 dias, sendo que cerca de em 90% das pessoas esse período gira em torno de 10 a 14 dias, quando surge a febre, acompanhada de tosse seca, coriza, conjuntivite e fotofobia. Em seguida aparecerem as manchas vermelhas ao mesmo tempo que se acentuam os sintomas iniciais da doença. Podem ocorrer complicações agudas e subagudas que podem levar à morte.

A prevenção do sarampo tem como foco a vacinação. Graças à disponibilização ampla da vacina, foi registrada uma queda de 84% da mortalidade por sarampo entre 2000 e 2016 em todo o mundo, o que equivale a mais de 20 milhões de mortes evitadas.

O infectologista explicou ainda que as diferenças entre erradicação, eliminação, transmissão endêmica e surto em área que atingiu a eliminação da doença. Uma doença é considerada erradicada quando sua transmissão é interrompida em todo o mundo na presença de um sistema de vigilância confiável. Já a eliminação é a ausência de transmissão endêmica em uma área geográfica definida por mais de 12 meses na presença de um sistema de vigilância confiável, confirmada após 36 meses. A transmissão endêmica significa a transmissão contínua do vírus, selvagem ou importado, que persiste por mais de 12 meses em uma área geográfica definida, e o surto em área que atingiu a eliminação acontece quando há uma ocorrência de dois ou mais casos temporalmente relacionados e com link epidemiológico e/ou virológico.

Por esses critérios “podemos dizer que o sarampo foi eliminado no continente americano e em alguns outros países do mundo, mas não erradicado como fora a varíola”, afirmou Lemos. Sobre o retorno da doença no Brasil, ele informou que há circulação do vírus e risco iminente da perda do certificado de eliminação caso o surto não seja contido no período de 12 meses desde seu início.

Combate com a vacina

A vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) disponibilizada pelo SUS pode ser produzida por Bio-Manguinhos/Fiocruz ou pelo Serum Institute of India. Ambas as formulações atendem aos requisitos da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e são compostas por vírus atenuados do sarampo, da rubéola e da caxumba, além de traços de elementos utilizados na fabricação, estabilizantes e conservantes. Sua eficácia é de 95% na primeira dose, chegando a 98/99% quando a pessoa recebe a segunda dose da vacina. “Só consideramos imunizada a pessoa que tomou duas doses na vida, com intervalo mínimo de um mês, aplicadas a partir dos 12 meses de idade”, informou.

Alguns fatores para causas de falha vacinal primária são a transmissão de imunoglobulina materna específica por via transplacentária, imunodeficiências preexistentes, desnutrição, uso recente de hemoderivados e fatores genéticos. A respeito de algumas fake news divulgadas, o infectologista esclareceu que “cada vez mais evidências consolidam que a vacina não causa autismo ou algum outro transtorno do mesmo espectro”. De acordo com os dados oficiais apresentados na palestra, a vacina é segura, sendo considerados raros os eventos adversos graves a ela relacionados. Dentre as reações comuns, febre de duração de até 2 dias pode ocorrer em até 20% dos vacinados na primeira dose, sendo benigna e sem necessidade de intervenção médica.

Até o dia 8 de agosto de 2018, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil já havia contabilizado 1.069 casos de sarampo, sendo 788 no Amazonas, 281 em Roraima, 14 no Rio de Janeiro, 13 no Rio Grande do Sul, 2 no Pará, 1 em São Paulo e 1 em Rondônia, com cinco mortes confirmadas pela doença. Aproximadamente, cinco mil casos estão em investigação. O Governo Federal promove, até o dia 31 de agosto, a Campanha nacional de vacinação contra poliomielite e sarampo. Pais e responsáveis por crianças com idade a partir de 12 meses e menores de cinco anos devem levar seus filhos aos postos de vacinação e mesmo aquelas que já receberam as vacinas anteriormente devem ser imunizadas. A meta é vacinar ao menos 95% das crianças dessa faixa etária e no dia 18 de agosto, denominado Dia D, contou com a participação da Fiocruz promovendo a 25ª ação do Fiocruz pra Você. Confira os dados epidemiológicos atualizados do sarampo no Brasil aqui.

Voltar ao topoVoltar