O site de notícias médicas Medscape traz a matéria PrEP: estudo aponta bons resultados na América Latina [1] sobre o artigo [2] publicado com destaque na revista The Lancet HIV (21/12/22), onde são apontados os resultados positivos do uso da profilaxia pré-exposição ao HIV (conhecida pela sigla PrEP) no Brasil, Peru e México.
A jornalista Clarinha Glock (Medscape) conversou com a infectologista Valdiléa Veloso, diretora do INI/Fiocruz e pesquisadora principal do estudo publicado na The Lancet HIV
O texto da jornalista destaca que 8,4% dos 9.509 participantes do estudo, (795 pessoas) “interromperam o acompanhamento e 6.477 (68,1%) aderiram a PrEP. Desses, 5.783 (70,3%) fizeram uso prolongado dos medicamentos. Travestis e mulheres transgênero, participantes entre 18 e 24 anos e aqueles com baixa escolaridade (até o ensino fundamental) tiveram mais chances de abandono precoce do acompanhamento e menos chances de adesão à PrEP e de continuação da medida em longo prazo” diz o texto.
Na conversa com a jornalista, Valdiléa revela que os pesquisadores perceberam no estudo que “ O autorrelato precoce sobre a adesão, no início do uso da PrEP, é um indicativo de se a pessoa vai aderir [às medidas profiláticas] ao longo do tempo ou não”. Ela revelou ainda que “A incidência de sífilis foi de 10,09/100 pessoas-ano. As prevalências de infecção retal por clamídia e gonorreia verificadas no início do estudo foram de 9,2% e 11,8%, respectivamente, e diminuíram ao longo do estudo”.
A pesquisadora apontou ainda para a importância de incorporar a testagem molecular para o diagnóstico de clamídia e gonorreia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), “Como a maior parte das infecções sexualmente transmissíveis (IST) são assintomáticas, os médicos precisam ficar atentos para detectar precocemente estas doenças”, afirmou.
A matéria da Medscape menciona, ao final, o novo estudo sobre o uso da PrEP no Brasil denominado ImPrEP CAB Brasil. A pesquisa será realizada com a população gay, bissexuais, outros homens que fazem sexo com homens (HSH), mulheres trans, travestis e pessoas não binárias, com idade entre 18 e 30 anos, em seis centros brasileiros, sob a coordenação da infectologista Beatriz Grinsztejn, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em HIV/Aids (LapClin Aids) do INI e presidente eleita do International Aids Society (IAS). “O cabotegravir injetável poderá ser uma opção para pessoas com maior dificuldade de adesão à PrEP oral”, observou Valdiléa.
- A matéria da Medscape foi publicada no dia 09/01/23. Para ler o material, clique aqui [1].
- O artigo, com os resultados do estudo, publicado na The Lancet HIV em 21/12/22 pode ser baixado em PDF clicando aqui [2].
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