O Laboratório de Bacteriologia e Bioensaios do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) recebeu o reconhecimento da Coordenação Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias Não Tuberculosas, em conjunto com a Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública, do Ministério da Saúde. A homenagem foi concedida em virtude da dedicação e dos serviços excepcionais prestados pelo laboratório na melhoria da Rede de Diagnósticos de Tuberculose e Micobactérias Não Tuberculosas em todo o território nacional.
A pesquisadora-chefe do Laboratório de Bacteriologia e Bioensaios, Cristina Lourenço, esteve em Brasília na última quinta-feira (19/10) para receber placa de reconhecimento pelo trabalho realizado pelo laboratório.
O Laboratório do INI/Fiocruz tem desempenhado um papel crucial na Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública, desde o ano de 2019 ao ser selecionada à época pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), como um dos cinco Laboratórios de Referência Nacional e Regional para a Tuberculose e Micobacterioses não Tuberculosas atendendo as regiões do Rio de Janeiro, São Paulo e o Nordeste, com exceção do estado de Sergipe.
Cristina falou sobre a trajetória do laboratório. Em um período abrangendo mais de uma década, o laboratório se destacou no Brasil por conduzir testes de susceptibilidade para micobactérias não tuberculosas, que são microrganismos do mesmo gênero e família da micobactéria causadora da tuberculose, mas que desencadeiam outras patologias.
Segundo a pesquisadora-chefe, a ausência de metodologia manufaturada disponível no mercado nacional exigia que o laboratório desenvolvesse os métodos “in house”. Essa situação perdurou até junho de 2023, quando finalmente, o laboratório de referência nacional começou a disponibilizar o teste de Concentração Inibitória Mínima (MIC).
Lourenço destacou que a metodologia utilizada é um método clássico e internacionalmente padronizado, porém, sua complexidade reside na interpretação dos resultados e no controle de qualidade. Ela explica que, atualmente, a disponibilidade de placas prontas com todos os fármacos facilita sobremaneira o processo.
Cristina esclarece também que apesar do laboratório ter seu alcance definido - para o Rio de Janeiro, São Paulo e Nordeste -, atendeu a todo o país devido à ausência de laboratórios públicos nos outros estados e regiões que realizassem o teste de MIC.
A pesquisadora ressaltou ainda que o sistema de saúde brasileiro enfrenta desafios, e a tuberculose muitas vezes coexiste com o uso de drogas ilícitas, álcool, pobreza e insegurança alimentar o que torna o tratamento mais complexo. Ela destacou que o Rio de Janeiro é o segundo estado com maior incidência de tuberculose, apresentando áreas de alta prevalência, associadas frequentemente à pobreza.
Por isso, afirma que a criação de programas que ofereçam incentivos como passagens, cestas básicas e lanches, para garantir a adesão ao longo tratamento (seis meses) da tuberculose são importantes. “Na segunda semana de tratamento, a partir da melhora no quadro clínico, o paciente pode abandonar o tratamento, que requer a ingestão de vários comprimidos, sendo difícil essa ingestão diante de um quadro de insegurança alimentar e a falta de dinheiro para se transportar”, exemplifica.
Ao destacar a homenagem recebida pelo laboratório, Cristina Lourenço afirma que ficou muito feliz porque significa o reconhecimento da excelência do trabalho feito por ela e por sua equipe. "Eu tenho o melhor equipamento que uma instituição poderia desejar, compromisso coletivo de fazermos o melhor pelo SUS e pela saúde pública, apesar dos desafios que envolvem o nosso trabalho."


