• Diminuir tamanho do texto
  • Tamanho original do texto
  • Aumentar tamanho do texto
  • Ativar auto contraste
Selecione uma tarefa

Início do conteúdo

13/11/2018

Agenda 2030 e a participação da comunidade na Pesquisa Clínica pautaram manhã do terceiro dia do Simpósio INI 100 anos


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

A manhã do terceiro dia (08/11) do Simpósio teve início com a conferência sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com o coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, Paulo Gadelha. Em seguida foi realizada a mesa redonda O INI e a Comunidade, moderada pela pesquisadora Maria Regina Cotrim, do LapClin AIDS, que contou com a participação de Alessandra Makkeda, do Instituto Transformar, Leonardo Sobral, do portal de Informações Fala Manguinhos!, Sonia Fonseca, da Associação Lutando para Viver Amigos do INI, Márcio Villard, do Grupo Pela Vidda, e Claudia Teresa de Souza, chefe do Laboratório de Pesquisa em Epidemiologia e Determinação Social em Saúde.

Não deixar ninguém para trás

“Não deixar ninguém para trás”, lema da Agenda 2030, foi a diretriz da fala do ex-presidente da Fiocruz e coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, Paulo Gadelha, na conferência que abriu o terceiro dia (08/11) do simpósio que celebra o centenário do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. O compromisso integra a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável que foi o foco de sua apresentação no auditório do Museu da Vida, em atividade moderada por Keyla B. Marzochi, presidente da Comissão Organizadora do Simpósio do Centenário do INI.

A Agenda 2030 é um plano de ação universal, indivisível, integrado e aspiracional e agrega as dimensões econômica, social e ambiental em busca do desenvolvimento social a partir de 5Ps: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias. “Não deixar ninguém para trás traduz o conceito de equidade que 193 países do mundo buscam a partir de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas estabelecidas”, explicou.

Gadelha destacou que o Brasil teve um papel protagonista na construção da Agenda 2030 ao buscar mais visibilidade para questões sociais e incorporar o tema Saúde e o reconhecimento do papel central da Ciência, Tecnologia e Inovação. “A Saúde é a maior meta dos governos e a pedra angular do desenvolvimento sustentável. Ela é, ao mesmo tempo, pré-condição, resultado e indicador da Agenda 2030 e a Fiocruz teve um papel fundamental para esse reconhecimento”, garantiu.

Por conta da importância desse compromisso, a Presidência da Fundação instituiu a Estratégia Fiocruz para Agenda 2030 e Gadelha ressaltou que tomar a Agenda 2030 enquanto referência significa entendê-la como objeto de disputa de sentidos e formas diferenciadas de sua tradução em práticas. Isso implica em constante diálogo crítico a ser feito dentro da instituição. “Ao mesmo tempo em que a Agenda 2030 e os ODS são valorizados com a construção de conhecimento e definição de políticas e instrumentos para sua implementação e monitoramento, deve-se produzir um esforço conceitual e programático para o desenvolvimento de agendas fundadas em nossos referenciais teóricos, visão de sociedade e país e empenho na obtenção de cenário de futuro desejável coerente com essa visão”, concluiu.

O INI e a Comunidade

A segunda parte da manhã seguiu a temática das desigualdades sociais. A mesa redonda O INI e a Comunidade, moderada pela pesquisadora Maria Regina Cotrim, do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids, trouxe a visão dos diferentes protagonistas da comunidade que atuam, de alguma forma, ligados ao INI ou a Fiocruz, seja através de pesquisas, parcerias ou assistência. A presidente do Instituto TransFormar, Alessandra Makkeda, criticou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável uma vez que em nenhuma das 17 metas o tema racismo é abordado como um eixo estruturante do documento. Em seguida, a ativista dos direitos trans parabenizou o INI por ser uma referência no atendimento e na oferta de trabalho para essa população promovendo, ao mesmo tempo, equidade e saúde para pessoas trans ou travestis.

O representante do portal de Informações Fala Manguinhos!, Leonardo Sobral, explicou que o grupo consagra um trabalho realizado desde 2013, por moradores do Complexo de Manguinhos, apoiadores voluntários e parceiros institucionais, com a intenção de contribuir para o acesso aos direitos em nosso país, a partir da democratização dos meios de comunicação, produzindo e divulgando informações sob a ótica dos moradores de favelas e conjuntos habitacionais locais.

O trabalho da Associação Lutando para Viver Amigos do INI foi trazido por sua vice-presidente, Sonia Fonseca, destacando como o grupo foi constituído através de um trabalho solidário entre um grupo de pacientes, familiares e funcionários do antigo Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec), atual INI, ao perceberem que muitos soropositivos estavam sendo abandonados pelos parentes e amigos, com o advento da epidemia de Aids nos anos 80 e 90, vivendo em condições precárias e até mesmo morrendo. A Associação tem por objetivo abrandar o sofrimento causado pela doença, oferecendo ajuda em diversas maneiras: material e psicológico, informando e prestando outros benefícios aos pacientes. Também ajuda os familiares de pacientes com distribuição de cestas básicas, auxílio transporte, compra de medicamentos e outras demandas emergenciais. Seu maior objetivo é ajudar as pessoas que se encontram em tratamento de doenças infecciosas, como HIV/Aids, HTLV, Doença de Chagas e outras.

A parceria entre o INI e o Grupo Pela Vidda foi destaque na fala de Márcio Villard, representante da ONG. Primeiro grupo do Brasil formado por pessoas vivendo com HIV e Aids, seus amigos e familiares, a ONG esteve presente desde seu início das pesquisas sobre a epidemia no INI. Márcio parabenizou o Instituto e destacou seu protagonismo na luta pela cidadania dos pacientes e na geração de evidências para a formulação das políticas de saúde do governo brasileiro.

Encerrando a manhã, a chefe do Laboratório de Pesquisa em Epidemiologia e Determinação Social da Saúde, Claudia Teresa de Souza, falou sobre o trabalho de contribuição para a difusão e popularização de conhecimentos sobre saúde, ciência, tecnologia e sociedade através do projeto Plataforma de Saberes desenvolvido com pacientes e seus familiares da Associação Lutando para Viver Amigos do INI e outros parceiros. “Nosso principal objetivo é gerar uma série de ações de promoção da saúde para melhorar a qualidade de vida e autoestima nas pessoas, minimizando assim as iniquidades existentes em seu dia a dia”, explicou Claudia. O projeto Plataforma de Saberes: Envolvimento e participação da comunidade em ações de promoção da saúde e produção do conhecimento vem construindo novas práticas de promoção da saúde e formas de produção de conhecimento compartilhado entre pesquisadores, profissionais de saúde e a comunidade, desenvolvendo ações socioeducativas e culturais de interesse coletivo para a tomada de consciência sobre a importância do conhecimento em saúde, realizando atividades em grupo com os mais diversificados temas.

Fotos: Felipe Varanda

Voltar ao topoVoltar