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21/11/2018

A história do INI e sua importância para a Saúde Pública Brasileira


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

Com o intuito de celebrar e promover uma ampla reflexão sobre a trajetória da Pesquisa Clínica, da Assistência e do Ensino do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, teve início, na terça-feira, 06 de novembro, o Simpósio INI 100 anos: Integrando saberes na construção do conhecimento em doenças infecciosas. A solenidade de abertura contou com as participações da presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, da diretora do INI, Valdiléa Gonçalves Veloso, do diretor da Casa de Oswaldo Cruz, Paulo Roberto Elian, e da presidente da Comissão Organizadora do Simpósio do Centenário do INI, Keyla B. Marzochi. A programação da manhã contou ainda com uma mesa redonda dedicada à história do INI, o lançamento do vídeo INI 100 anos, produzido pela Casa de Oswaldo Cruz e a apresentação da Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí/Fiocruz Petrópolis.

Simpósio INI 100 anos: solenidade de abertura

A solenidade de abertura lotou o auditório do Museu da Vida e teve início com a fala de Keyla Marzochi, presidente da Comissão Organizadora do Simpósio INI 100 anos. “Foi em 1986 que aceitei o convite do então presidente da Fiocruz, Sergio Arouca, para revitalizar o Hospital Evandro Chagas e é muito gratificante ver que o resgate dessa história ajuda a projetar o futuro do nosso INI”, afirmou Keyla, emocionada por estar comemorando o centenário do Instituto.

O diretor da Casa de Oswaldo Cruz, Paulo Roberto Elian, ressaltou que comemorações com a do INI são momentos para relembrar uma história que se mescla com o desenvolvimento do ensino, da assistência e da pesquisa realizada no Brasil ao longo de décadas e que a COC não poupou esforços para ajudar a narrar os 100 anos do Instituto. “O INI sempre teve uma visão humanizada e humanitária no tratamento de uma Saúde Pública justa e igualitária para todos. Esse é o legado que a instituição está deixando para si, para a Fiocruz e para nosso país”, afirmou.

“Entrei no INI contratada como médica para uma jornada semanal de 40 horas. Lembro que fiquei muito entusiasmada com isso. É o mesmo entusiasmo que carrego até hoje, três décadas depois, e que acredito que todos trazem consigo quando começam a trabalhar no nosso Instituto e buscam uma saúde melhor para nossa população”, destacou Valdiléa Veloso, diretora do INI. Para ela, o Instituto reúne e oferece o que há de melhor na Fiocruz para a nossa sociedade: o cuidado com os pacientes, a interação com a comunidade, a Pesquisa Clínica em busca de novas tecnologias e, principalmente, a luta na diminuição das desigualdades.

Encerrando a solenidade de abertura do Simpósio, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, falou sobre o papel da Pesquisa Clínica que o Instituto sempre desenvolveu desde sua criação, em 1918, promovendo o avanço do conhecimento em saúde. “Se no passado coube ao INI, enquanto Hospital de Manguinhos, atender pacientes com diferentes enfermidades como parasitoses intestinais, malária, ou leishmanioses, por exemplo, hoje em dia a unidade é reconhecida no trabalho recente no campo de novas profilaxias, como no caso do HIV/Aids e também nas doenças emergentes e reemergentes como Dengue, Zika ou Chikungunya, além de qualificar-se como uma unidade de referência na preparação contra o Ebola”, destacou Nísia, lembrando que todas essas atividades sempre caminharam junto com a assistência prestada à população e o ensino de qualidade na formação de novos infectologistas.

Mesa redonda: a história do INI

A primeira mesa redonda do Simpósio, moderada pela diretora do INI, Valdiléa Veloso, teve início com a apresentação Hospital Evandro Chagas: a construção da Pesquisa Clínica em Manguinhos, por Dilene Raimundo do Nascimento, pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), narrando o período compreendido entre 1918 a 1980. A segunda parte da trajetória do INI, abordada a partir da renovação do Hospital Evandro Chagas, ocorrida na década de 80, até os dias atuais, foi descrita por Keyla B. Marzochi na palestra A revitalização do Hospital Evandro Chagas e a Pesquisa Clínica Ampliada.

Dilene lembrou que as origens do INI remontam ao Hospital de Manguinhos, criado em 1912, mas cuja construção foi concluída em 1918 e que, ao longo de sua história, foi denominado Hospital de Doenças Tropicais, Hospital Oswaldo Cruz, Hospital Evandro Chagas, Centro de Pesquisa Clínica Hospital Evandro Chagas, Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) até chegar aos dias atuais como Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Ao repassar oito décadas de história, a pesquisadora destacou momentos marcantes como 1925, quando Evandro Chagas assumiu os setores de radiologia e cardiologia do hospital e realizou inúmeras pesquisas em Doença de Chagas, Leishmanioses e Malária, até seu falecimento, em 1940, e o hospital foi rebatizado em 1942, recebendo seu nome como homenagem.

Posteriormente, nas décadas de 50, 60 e 70, foram grandes as dificuldades e os parcos investimentos levaram o hospital à beira da extinção. A revitalização, na década de 80, teve início quando Sergio Arouca, então presidente da Fundação Oswaldo Cruz, entregou a Keyla Marzochi a missão de reconstruir o primeiro hospital brasileiro criado exclusivamente para a pesquisa científica de doenças infecciosas.

Coube à própria Keyla contar a história a partir desse ponto. Ao iniciar sua fala ela lembrou que na época o Hospital Evandro Chagas era um dos 16 departamentos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e que seu objetivo era trabalhar para estruturá-lo de forma a ser um hospital de pesquisa em doenças infecciosas, de referência e integrado a uma instituição nacional de pesquisa. “Eu trouxe a visão da Pesquisa Clínica integral, desenvolvida a partir da relação entre a equipe multiprofissional de atendimento e o indivíduo em seu contexto. Não queríamos restringir nossas atividades às manifestações clínico-laboratoriais. Tínhamos que compreender o paciente enquanto pessoa, reconhecendo seu ambiente, seu comportamento e suas necessidades”, explicou.

Para alcançar esses objetivos, Keyla trabalhou sobre o tripé da adequação/incorporação de recursos humanos (qualitativa e quantitativamente), a criação e adequação de Serviços alinhados com a Pesquisa, integrando profissionais de enfermagem, farmácia, nutrição, psicologia, entre outros, com os trabalhos desenvolvidos nos laboratórios, além de redesenhar a gestão, estabelecendo uma Direção, uma Vice-direção, além de Serviços e Coordenações diversificadas. Todo esse esforço culminou, em 1998, na aprovação pelo Congresso Interno da Fiocruz do Hospital como uma Unidade Técnico-Científica da Fiocruz, recebendo a partir de 2001 uma nova denominação: Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec). Em 2010 passou a ser conhecido como Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, como parte da estratégia da Fiocruz de unificar seus institutos nacionais de pesquisa.

Encerrando a programação da manhã foi lançado o vídeo INI 100 anos, produzido pela Casa de Oswaldo Cruz (assista clicando aqui) e em seguida a Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí/Fiocruz Petrópolis fez uma apresentação.

Fotos: Felipe Varanda

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