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18/10/2022

ImPrEP CAB Brasil promove capacitação sobre o protocolo da nova etapa do estudo


Jacinto Corrêa (Projeto ImPreP) | Fotos: Julio Kummer

Nos dias 4 e 5 de outubro de 2022, o ImPrEP CAB Brasil promoveu, no Rio de Janeiro, capacitação sobre o protocolo do estudo que guiará a nova etapa do projeto dedicada à implementação do cabotegravir injetável de longa duração no país, visando gerar evidências científicas para tornar essa modalidade da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV mais uma alternativa de política pública de saúde. O ImPrEP CAB Brasil é uma realização do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, com o Ministério da Saúde, que conta com apoio da Unitaid.

O estudo, que terá como público-alvo cerca de 1.200 jovens gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), indivíduos não binários, travestis e pessoas trans, de 18 a 30 anos HIV negativos, acontecerá em seis centros de estudo localizados nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Salvador, Manaus e Florianópolis. A capacitação reuniu mais de 80 profissionais desses centros, entre pesquisadores principais, coordenadores(as) de estudo, aconselhadores(as) e educadores(as) de pares, além de representantes do Ministério da Saúde.

Após as boas-vindas dos integrantes da mesa de abertura, composta pela pesquisadora principal e pela co-pesquisadora principal do ImPrEP CAB Brasil, Beatriz Grinsztejn e Valdiléa Veloso, respectivamente, e pela representante do Ministério da Saúde, Cristina Pimenta, foram realizados diversos painéis. Esses painéis visaram não apenas apresentar o protocolo do novo estudo, bem como discutir e afinar os processos e procedimentos finais para a sua entrada em operação prevista para o final de 2022.

No painel inicial, Beatriz Grinsztejn traçou um panorama com as opções de prevenção do HIV e da PrEP, destacando os bons resultados dos estudos HPTN 083 e 084, que comprovaram a superioridade do cabotegravir injetável em relação à PrEP oral com tenofovir/entricitabina. “Esses estudos são a base do ImPrEP CAB Brasil, um estudo de demonstração pioneiro, que traz o desafio de ofertar a PrEP injetável já na primeira visita, tendo como um dos pré-requisitos a realização de um exame de carga viral com resultado negativo para a devida inclusão”, afirmou.

Coube à coordenadora clínica do ImPrEP CAB Brasil, Brenda Hoagland, trazer uma visão geral do protocolo e dos procedimentos das visitas. Informou particularidades, como a procura voluntária por PrEP nos serviços de saúde, a opção de escolha entre a modalidade oral ou injetável, o aconselhamento complementar de conteúdos educacionais digitais (mHealth) e o uso do WhatsApp para lembrar, aos participantes interessados, as visitas das injeções. Já Cristina Pimenta, coordenadora do ImPrEP CAB Brasil, explanou acerca dos estudos qualitativos a serem promovidos em momentos estratégicos do protocolo, por meio de grupos focais e entrevistas individuais com participantes e profissionais de saúde.

A capacitação reservou espaço especial para abordar os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido a serem aplicados, tendo sido conduzido por Brenda Hoagland e Flávia Lessa, do Controle da Qualidade de Dados do INI/Fiocruz, que focaram nos principais itens de cada documento e nas boas práticas visando atender às exigências da monitoria.

Ao final do primeiro dia, Flávia ratificou a principal função da monitoria em ser parceira na condução dos processos e procedimentos dos centros, enquanto o gestor de dados do INI/Fiocruz, Renato Lima, apresentou as principais funcionalidades do RedCap, ferramenta para o registro de dados do estudo, e Mônica Derrico, também do Controle da Qualidade de Dados do INI/Fiocruz, afirmou que o RedCap possui funcionalidades que ajudam a aprimorar a qualidade das informações.

Detalhamento de processos e atividades

No dia 5, os participantes foram divididos em dois grupos: o clínico, com pesquisadores principais/coordenadores(as) de estudo/aconselhadores; e o da mobilização comunitária, com educadores(as) de pares do ImPrEP CAB Brasil e do INI/Fiocruz.

A primeira apresentação para o grupo clínico foi sobre o processo de ativação dos centros de estudo, com a coordenadora operacional do ImPrEP CAB Brasil, Roberta Trefiglio, destacando o papel central dos(as) coordenadores(as) de estudo e o instrumental humano e tecnológico necessário das unidades para o  desenvolvimento das etapas do protocolo. A seguir, o chefe do laboratório do LaPClin Aids (Laboratório de Pesquisa Científica em DST e Aids), do INI/Fiocruz, Sergio Nazer, abordou os fluxos laboratoriais dos exames que compõem o protocolo, e Mirian Cohen, da Gestão da Inovação do INI/Fiocruz, apresentou a proposta de mapeamento dos processos, desenhado a partir das rotinas de cada centro.

As médicas Debora Faber e Larissa Villela, do INI/Fiocruz, abordaram, respectivamente os desafios para combater a sífilis e os possíveis eventos adversos que podem surgir no decorrer do projeto. Já Beatriz Grinsztejn apresentou um resumo sobre o algoritmo para detecção das infecções por HIV. Na última apresentação do grupo clínico, a enfermeira e coordenadora de pesquisas do INI Fiocruz, Lucimar Salgado, falou sobre os procedimentos para a injeção do cabotegravir.

No grupo de educadores(as) de pares, houve reflexão sobre os conteúdos de mHealth que estão sendo elaborados, contando com a facilitação de Claudio Mann, consultor para estudos qualitativos, Nilo Fernandes, coordenador de aconselhamento, Luciene Freitas, do setor de Regulatórios, e Eduardo Carvalheira Netto, psicólogo/aconselhador, os três do INI/Fiocruz. Os participantes apontaram a necessidade de haver maior diversidade sexual e racial nos conteúdos disponibilizados.

A segunda atividade foi o planejamento de atividades de EPs, que contou com a mediação de Júlio Moreira e Keila Simpson, coordenadores comunitários para as populações HSH e trans do ImPrEP CAB Brasil, e de Daniel Bezerra, coordenador de educação comunitária do INI/Fiocruz. Foram debatidas estratégias de comunicação de mobilização comunitária e levantados os desafios necessários para tal mobilização.

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