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27/10/2023

INI/Fiocruz comemora resultados da primeira edição do curso sobre o conceito de saúde única


Estagiária: Bárbara Clara| Ed. Alexandre Magno

A primeira edição do curso internacional Saúde Única em uma Perspectiva Global atraiu mais de 1.800 inscritos não só do Brasil, como de outras partes do mundo. Realizado entre os dias 16 e 20 de outubro, a iniciativa é também uma das disciplinas que integra o Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).

O curso foi coordenado pela chefe da Vigilância em Saúde do INI, Mayumi Wakimoto e pelo Rodrigo Menezes, coordenador adjunto do Mestrado, Doutorado Acadêmicos e Pós-Doutorado do INI que comemoram os resultados da primeira edição e avaliaram positivamente o alto nível de participação dos alunos e alunas e prometem novas edições. As aulas foram on-line e chegaram a ter 1.500 visualizações simultâneas de todos os estados brasileiros, além de países da América Latina e do continente africano.

A Saúde Única é uma abordagem que busca integrar a saúde humana, animal e ambiental na prevenção e controle de doenças. Essa abordagem é essencial em um mundo globalizado onde há potenciais ameaças de zoonoses emergentes e reemergentes.

O curso, além dos alunos do INI, teve como público-alvo profissionais de nível superior, sobretudo da área da saúde, contando com aulas de renomados professores e pesquisadores nacionais e internacionais. Veja aqui o programa completo.

As aulas foram muito elogiadas pelos alunos e alunas. “Parabéns pela escolha dos palestrantes e assuntos, rico em amplitude, relevância e profundidade”, avaliou o médico veterinário Marco Rodrigues que participou do curso. Ele também destacou a coordenação de toda a iniciativa, considerada por ele como brilhante.

Já a jornalista Cristiane Binhote - uma das alunas -, ressaltou que com as aulas pôde perceber que o trabalho interprofissional gera resultados positivos. “A vivência retratada pelos palestrantes aprimora e eleva a troca de saberes, aguçando suas capacidades em melhor analisar e intervir na tríade homem-animal-ambiente”, afirmou.

A Assessoria de Comunicação Social (ACS) do INI conversou com os coordenadores do curso, Rodrigo Menezes e Mayumi Wakimoto, que detalharam o conceito Saúde Única, os objetivos e perspectivas futuras de novas edições do curso.

Dr. Rodrigo e Dra. Mayumi, a primeira edição do curso teve uma alta procura e pelo visto um alto índice de participação. Quantos alunos se inscreveram e participaram efetivamente do curso?

Tivemos ao todo 1.838 inscritos, de diversas profissões, sobretudo da área da saúde. São 1.807 brasileiros de 27 estados e 424 cidades e 31 estrangeiros (principalmente da América Latina e África). O curso também é uma disciplina do programa de pós-graduação em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas do INI/Fiocruz; e contou com a inscrição de 23 alunos do programa. Os vídeos de cada dia do curso tiveram entre 1.000 e 1.500 visualizações.

Os alunos vão receber certificado?

Sim. Aqueles que responderem a um questionário no campus virtual da Fiocruz, referente às palestras do curso, além de preencherem um formulário de avaliação do curso. Já os alunos do INI terão que entregar um trabalho escrito.

Por que é importante, dentro do cenário atual, discutir 'saúde única'?

Porque a abordagem de saúde única é essencial em um mundo globalizado onde há potenciais ameaças de zoonoses emergentes e reemergentes, como aquelas envolvendo eventos de transbordamento, que podem afetar vários países muito rapidamente. Essa abordagem, além das zoonoses, contempla a segurança dos alimentos, resistência a antimicrobianos e mudanças climáticas na interface saúde humana, saúde animal e meio ambiente. O conceito de Saúde Única é ainda considerado pouco difundido entre profissionais de saúde, especialmente médicos, incluindo veterinários. Entre esses que trabalham em saúde pública, entretanto, há um maior conhecimento acerca do conceito de Saúde Única.

Por que as pessoas estão tendo interesse em buscar esse curso?

O  interesse por conhecer e aplicar o conceito de Saúde Única ganhou força global com a pandemia de covid-19, que reforçou a sua importância para prevenir ou reduzir o risco de doenças zoonóticas. Nesse contexto, o Brasil é considerado como área de alto risco para emergência dessas doenças em decorrência das mudanças climáticas, desmatamento e urbanização em larga escala, alta biodiversidade de vida selvagem e controle deficiente do tráfico de animais selvagens.

Cabe destacar que devido à importância do conceito, foi criada a Aliança Quadripartite - constituída pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA); e o Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (PNUMA) -, que realiza a governança global da abordagem em Saúde Única e recentemente publicou o documento One Health Joint Plan of Action (2022-2026) para todos os países.

Levando-se em consideração que, de certa forma, o conceito de saúde única já está no arcabouço do SUS, qual seria o diferencial da aplicação deste conceito no nosso país?

Há aplicação na prática do conceito de saúde única no Brasil, bem como é conhecido pelos órgãos governamentais que participam da vigilância, prevenção e controle de zoonoses, especialmente o Ministério da Saúde (MS) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Foi, inclusive, criado em 2019 um grupo técnico de saúde única no âmbito da Coordenação Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ministério da Saúde.

Entretanto, o conceito de Saúde Única não está inteiramente consolidado, mesmo no MS, e sua aplicação é ainda fragmentada, apesar de avanços. Não há ainda uma legislação específica ou um guia oficial. Felizmente, há uma perspectiva atual e concreta de decreto para regulamentação da abordagem de saúde única no Brasil e sua governança. Já há uma minuta desse decreto que está em discussão. Ademais, o conceito é ainda considerado pouco difundido entre profissionais de saúde, como mencionamos acima.

Quais são as perspectivas para quem realizou o curso?

Espera-se que ao final do curso o aluno seja capaz de identificar e caracterizar a Saúde Única e o uso deste conceito na preparação e resposta a doenças infecciosas zoonóticas, bem como o uso da abordagem para a governança no Brasil e em outros países. Espera-se também que os alunos utilizem esse conceito na prática para prevenção e controle de zoonoses, incluindo as emergentes, reemergentes e endêmicas, bem como para segurança de alimentos e resistência a antimicrobianos e mudanças climáticas.

O curso visou ampliar a disseminação do conceito One Health e trazer a experiência internacional sobre governança utilizando esta abordagem, bem como a discussão atual sobre o tema.  A participação de professores de outros países buscou dotar o curso da discussão atual da agenda global de saúde e da troca de experiências sobre governança e aplicação do conceito saúde única.

Quem não pôde fazer o curso agora, pode esperar uma nova edição?

Sim. Pretende-se que seja ministrado anualmente.

  • Foto com os dois professores e coordenadores do curso Saúde Única numa perspectiva Global. Da esquerda para direita, Dr. Rodrigo Menezes e Dra. Mayumi Wakimoto. Ambos estão sentados atrás de uma mesa, tendo a frente um laptop aberto e uma câmara de filmagem.

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