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16/04/2021

IntegraChagas-Brasil lança site durante evento do Dia Mundial da Doença de Chagas da Fiocruz


Juana Portugal

A mesa Consciência e Arte encerrou a programação do evento organizado no Dia Mundial da Doença de Chagas com apresentações abordando novas estratégias para diagnóstico e tratamento dos pacientes através do projeto IntegraChagas Brasil e a importância da portaria que determina a notificação compulsória dos casos crônicos de Doença de Chagas. Na oportunidade foram lançados o vídeo “Quem foi que disse...”, sobre a descoberta da doença de Chagas, produzido pelo Laboratório de Audiovisual Científico (LABACIÊNCIAS/UFF) e o site do projeto IntegraChagas. Participaram da atividade a pesquisadora Andréa Silvestre, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doença de Chagas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e coordenadora do IntegraChagas Brasil e, Lauricio Monteiro da Cruz, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).

O IntegraChagas Brasil é um projeto estratégico que tem como objetivo ampliar o acesso à detecção e tratamento da doença de Chagas crônica na atenção primária à saúde (APS), coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC). A iniciativa, solicitada e financiada pelo Ministério da Saúde, visa “pela primeira vez, ações estratégicas de vigilância e atenção à saúde serão implementadas e validadas de forma integrada nos territórios, com apoio da Secretaria de Vigilância em Saúde e da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, do Ministério da Saúde”, destacou a coordenadora, Andréa Silvestre. O projeto deve começar a ser implementado em cinco municípios indicados como prioritários pelo Ministério: Espinosa e Porteirinha (MG), São Desidério (BA), Iguaracy (PE) e São Luis de Montes Belos (GO). A estimativa é beneficiar, aproximadamente, 6.000 adultos e crianças dos cinco municípios.

“São inúmeras as barreiras existentes para o acesso a diagnóstico e tratamento da doença de Chagas, a maior delas, na educação. Profissionais e gestores de saúde capacitados, movimentos sociais empoderados e comunidades com suas lideranças mobilizadas e informadas podem reverter este cenário que resulta em menos de 10% de diagnósticos disponíveis para a população acometida. Apenas 1% ou menos daqueles que poderiam se beneficiar obtendo a cura da doença ou a prevenção para formas sintomáticas crônicas, tem real acesso ao tratamento”, informou a pesquisadora. “Em geral, os diagnósticos ocorrem na fase tardia, quando já há comprometimento crônico e complicações, com grave prejuízo às pessoas, suas famílias e comunidades, além de elevado custo ao sistema de saúde”.

Lauricio Monteiro Cruz, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), apresentou alguns dados sobre o cenário epidemiológico da Doença de Chagas no Brasil. Segundo o pesquisador, em 2010 um total de 34.629 gestantes tiveram diagnóstico de infecção e estima-se que 589 crianças nasceram com infecção congênita. Com base em dados dos últimos cinco anos, a estimativa é de que, atualmente, 7,4 milhões de brasileiros estejam infectados e 4 mil mortes sejam causadas pela doença de Chagas anualmente.

Nesse cenário epidemiológico, a Portaria Nº1061, de 18 de maio de 2020, é estratégica e determina que os serviços de saúde, além de oferecer diagnóstico e tratamento, façam a notificação compulsória da Doença de Chagas. Com estas informações será possível implementar um banco de dados e ter indicadores que permitam fazer análises epidemiológicas mais precisas para fortalecer a política de controle da doença no Brasil.

Segundo Monteiro da Cruz, a expectativa do Ministério da Saúde é poder, por exemplo, identificar a população jovem infectada, mapear possíveis áreas silenciosas para transmissão, monitorar a reativação da Doença de Chagas em casos de infecção por HIV, ter a real prevalência e a taxa de transmissão vertical (de mãe para filho), a ampliação dos tratamentos, o planejamento da aquisição de medicamentos e a monitoração da população através de programas de rastreamento.

Encerrando a sua fala, o pesquisador informou sobre alguns dos investimentos em curso. Além do Projeto IntegraChagas, o Ministério da Saúde também financia a criação do curso EAD de Doença de Chagas para profissionais da Atenção Primária, repassou recursos a grupos de vigilância em 319 municípios para fortalecer ações de prevenção, controle e eliminação da doença, e aposta em parcerias internacionais, como a anunciada hoje com a Unitaid, no projeto CUIDA Chagas.

O evento previa a apresentação de uma entrevista com o pesquisador João Carlos Pinto Dias, mentor de gerações de estudiosos da Doença de Chagas através de sua atuação na Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. “Sob sua liderança, muitas vitórias foram alcançadas. Com direta atuação no Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas, manteve sua luta perene em prol das pessoas afetadas, estimulando-as na conquista do direito ao cuidado à saúde abrangente e equitativo através do Sistema Único de Saúde, demandas hoje celebradas neste Dia Mundial de Chagas”, explicou a coordenadora do IntegraChagas-Brasil, Andréa Silvestre. Em seguida seria apresentada uma entrevista com a pesquisadora Simone Kropf, da Casa Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), especialista da história da doença de Chagas no Brasil e no mundo. A intervenção seria complementar à entrevista do Prof. João Carlos, “numa composição artística com a sabedoria de quem é capaz de reunir o passado com o presente, contextualizando nossas conquistas históricas com o projeto IntegraChagas Brasil de hoje, que se constitui uma grande e desafiadora pesquisa de campo”, destacou Andrea. Infelizmente problemas técnicos impediram a transmissão. Acesse os vídeos clicando nos links acima!

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