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05/03/2021

Leishmaniose cutânea: tese analisa atendimentos realizados no INI entre 2000 e 2017


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

Um estudo do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) avaliou o tratamento da Leishmaniose cutânea através da via intralesional e regimes sistêmicos com o uso do antimoniato de meglumina, em quase 600 pacientes acompanhados pelo Laboratório de Pesquisa Clínica e Vigilância em Leishmanioses (LaPClin VigiLeish) durante o período de 2000 e 2017. A pesquisa foi desenvolvida na tese de doutorado da médica dermatologista Carla de Oliveira Ribeiro, defendida em fevereiro de 2021, no programa de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas, sob orientação dos pesquisadores Marcelo Rosandiski Lyra e Maria Inês Fernandes Pimentel.

A Leishmaniose cutânea é uma doença infecciosa, não contagiosa transmitida por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania, que afetam o homem e provocam úlceras na pele. Apesar de não ser uma doença letal, a toxicidade do tratamento realizados com antimoniais pentavalentes vem recebendo uma maior atenção dos pesquisadores nos últimos anos.

Segundo a pesquisadora, no Velho Mundo, abrangendo os continentes europeu, africano e asiático, o tratamento intralesional, que consiste em injetar de forma subcutânea, diretamente nas feridas, o antimoniato de meglumina em doses reduzidas, é utilizado há décadas, com resultados positivos. “Recentemente, a Organização Mundial da Saúde recomendou que a aplicação intralesional fosse utilizada na Leishmaniose cutânea do Novo Mundo (continente americano), segundo avaliação de risco-benefício para cada paciente”, explicou.

A avaliação da efetividade do tratamento foi realizada em 592 casos atendidos pelo LaPClin VigiLeish no período de 17 anos, através da epitelização e cicatrização completa das lesões cutâneas. Três grupos foram estudados: o primeiro envolvendo o regime padrão, com 46 pacientes tratados com antimoniato de meglumina intramuscular na dosagem de 20 mg de antimonial pentavalente (Sb5+)/kg/dia, por 20 dias; o regime alternativo, com 456 pacientes tratados com antimoniato de meglumina intramuscular na dose de 5 mg (Sb5+)/kg/dia, por 30 dias; e a via intralesional, onde 90 pacientes foram tratados com o antimoniato de meglumina pela infiltração do fármaco na lesão através de injeções subcutâneas.

“Os grupos de regime alternativo e via intralesional demonstraram efetividade de 84,3% e 75,9%, respectivamente. Também no grupo de via intralesional predominaram comorbidades, idade superior a 50 anos e tempo de evolução de lesão superior a dois meses. Não houve diferenças entre os tempos de epitelização e cicatrização completa das lesões entre os grupos estudados. O número de eventos adversos totais e agrupados em moderados e graves foi superior nos casos tratados com regime padrão. A via intralesional foi eficaz no tratamento de lesões situadas no segmento cefálico, de lesões periarticulares e de lesões com o maior diâmetro superior a três centímetros, que inicialmente não foram contempladas no Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar de 2017”, afirmou Carla.

Segundo a pesquisadora, os diferentes esquemas de tratamento com antimoniato de meglumina avaliados no estudo se mostraram efetivos para o tratamento da Leishmaniose cutânea. “Contudo, os métodos de regime alternativo e via intralesional apresentaram menores taxas de eventos adversos quando comparados ao regime padrão, na dose recomendada pelo Ministério da Saúde”, concluiu.

*Arte: DNDi América Latina

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