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11/09/2018

Malária na Mata Atlântica do Rio de Janeiro


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

A pesquisadora Anielle Pina, do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do INI, apresentou no dia 04/09, na XV Reunião Nacional de Pesquisa em Malária, que ocorreu durante o MedTrop, em Recife, dados sobre os casos de malária autóctone (natural da região onde se encontra) na Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Em sua exposição, A malária por Plasmodium simium na Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, a expositora falou ainda da experiência do Instituto no atendimento e manejo dos casos, além da inédita comprovação da dinâmica de transmissão da doença em contexto de zoonose.

No Brasil, a transmissão da malária ocorre quase exclusivamente na região amazônica, porém há um aumento do número de casos autóctones reportados nas regiões sul e sudeste, onde acreditava-se que a doença já havia sido eliminada há algumas décadas. Segundo dados do Ministério da Saúde de 2017, entre os anos de 2006 e 2016, 1.032 casos autóctones de malária foram registrados em regiões de Mata Atlântica.

No período de 2006 a 2017 foram notificados 116 casos autóctones em todo o estado do Rio de Janeiro, 60% deste total, atendidos no Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do INI, liderado por Patrícia Brasil. O estudo apresentado por Anielle analisou os casos atendidos no Instituto neste período.

A maioria das amostras de sangue dos pacientes foram sequenciadas para distinção dos parasitas mostrando resultados positivos para Plasmodium simium e indicando que há transmissão zoonótica de malária nessa região. Ademais, foram caracterizadas 26 localidades de transmissão em 12 diferentes municípios do estado, todos com densa cobertura vegetal e vasta presença de bromélias, que funcionam como criadouro do mosquito transmissor da malária na região.

“Por meio da comparação das amostras de primatas não humanos e humanos infectados na Mata Atlântica com as sequências de genomas mitocondriais de Plasmodium vivax de diferentes regiões do mundo, conseguimos identificar dois biomarcadores, específicos de Plasmodium simium, colocando a Mata Atlântica do estado do RJ o segundo foco comprovado no mundo com transmissão de malária zoonótica”, explicou a pesquisadora. Essa comprovação foi obtida mais de 50 anos depois da hipótese de que a malária nessa região ocorre em contexto de zoonose ter sido apresentado pelo pesquisador Leônidas de Melo Deane.

O trabalho é fruto de uma parceria entre o Ambulatório de Doenças Febris Agudas e Laboratório de Parasitologia do INI e o Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC. Ambos integram o Centro de Pesquisa, Diagnóstico e Treinamento em Malária da Fiocruz (CPD-Mal), centro de referência do Ministério da Saúde para malária na Extra-Amazônia.

Fotos: Arquivo Pessoal

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