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19/07/2024

Beatriz Grinsztejn é destaque em perfil publicado pela revista científica The Lancet


Estagiária: Bárbara Clara| Ed.: Alexandre Magno

A médica infectologista, pesquisadora e chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em IST, HIV/Aids (LapClin Aids) do INI/Fiocruz, Beatriz Grinsztejn, foi destacada no perfil intitulado Beatriz Grinsztejn: leading Brazil's response to HIV (Beatriz Grinsztejn: liderando a resposta do Brasil ao HIV) publicado pela revista científica The Lancet.

O artigo destaca sua contribuição significativa na luta contra o HIV/Aids no Brasil, e fala sobre seu papel pioneiro como defensora da equidade em saúde dos direitos das populações mais afetadas pela epidemia, especialmente a comunidade LGBTQIAPN+. Ele aborda sua dedicação à pesquisa e seu compromisso em combater os estigmas associados à doença com a implementação de políticas de saúde pública que ampliam o acesso à prevenção e ao tratamento do HIV.

Dra. Grinsztejn é a nova presidente da International Aids Society (IAS) para o biênio 2024-2026.

 

Tradução livre do artigo:

Beatriz Grinsztejn: liderando a resposta do Brasil ao HIV

Em meio à agitação cultural e social do meio da década de 1980, após a ditadura militar no Brasil, Beatriz Grinsztejn encontrou seu propósito na interseção entre medicina e justiça social. Dedicada à equidade em saúde, ela é médica especialista em doenças infecciosas, pesquisadora e mentora que dedicou sua carreira à prevenção e ao cuidado do HIV/AIDS, defendendo ferozmente os direitos dos mais afetados e lutando contra o estigma em relação à comunidade LGBTQIAPN+.

Grinsztejn, cuja infância foi moldada pelas raízes de sua família no leste europeu e pela migração para o Brasil na década de 1920, foi a primeira pessoa em sua família a obter um diploma universitário e, após sua graduação em medicina na Universidade Federal Fluminense em Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, especializou-se em doenças infecciosas. Sua carreira começou por volta da época em que a epidemia de HIV estava emergindo no Brasil. “De repente, muitas pessoas estavam morrendo dessa nova doença, algumas que eu conhecia pessoalmente”, ela recorda. “Senti que precisava fazer algo. Não era apenas o lado médico da questão—o lado social da doença também era devastador; o estigma e a discriminação estavam sempre presentes.” Em 1988, Grinsztejn e seus colegas estabeleceram um novo serviço de HIV na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro que integrava assistência, pesquisa e ensino. “Não tínhamos mentores seniores na instituição querendo trabalhar nessa área, então meus colegas e eu tivemos que nos apresentar”, ela recorda. O momento coincidiu com a criação do sistema de saúde universal do Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS). Desde então, a Unidade de Pesquisa Clínica em HIV/AIDS do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas-Fiocruz tem sido fundamental na geração de evidências de alta qualidade para orientar políticas públicas; Grinsztejn lidera a unidade como Diretora desde 1999.

Apesar dos obstáculos iniciais, o Brasil emergiu como um pioneiro no tratamento do HIV. No final da década de 1990, tornou-se o primeiro país de baixa ou média renda a fornecer acesso gratuito à terapia antirretroviral altamente ativa (HAART) para pessoas vivendo com HIV. Grinsztejn trabalhou incansavelmente para apoiar o compromisso do Brasil com uma abordagem baseada na ciência, enraizada nos direitos humanos e construída dentro da estrutura do SUS. Além da implementação da HAART, ela tem sido uma figura-chave em várias iniciativas marcantes, como a adoção do Treat All em 2013 e a implementação da profilaxia pré-exposição (PrEP) em 2018. Sua defesa e contribuições significativas para estudos influentes sobre tratamento como prevenção e PrEP ajudaram a mudar paradigmas relacionados à compreensão global da transmissão, prevenção, tratamento do HIV e co-infecções como tuberculose e mpox. “Sempre busquei garantir que o Brasil estivesse na vanguarda de ensaios clínicos que nos ajudaram a avançar tanto na luta contra o HIV”, explica Grinsztejn, que também é Professora do Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas da Fiocruz. “Beatriz é profundamente comprometida com a prevenção e o tratamento do HIV com foco na equidade, alcançando populações geralmente negligenciadas em configurações de saúde típicas”, diz sua colega e amiga Susan Buchbinder, Professora Clínica de Medicina, Epidemiologia e Bioestatística na Universidade da Califórnia, San Francisco, CA, EUA. “O trabalho de Beatriz é verdadeiramente inspirador—e ela tem sido uma grande contribuinte científica para muitos dos ensaios de prevenção do HIV, recrutando e retendo grandes populações das mais necessitadas de novas estratégias de prevenção.” Buchbinder acrescenta que ela é “criativa, perspicaz e gentil tanto como colega quanto como mentora da próxima geração de clínicos e pesquisadores”.

A jornada pessoal de Grinsztejn foi influenciada por seu envolvimento inicial na resposta ao HIV/AIDS. Isso não apenas intensificou seu compromisso com sua profissão, mas também serviu como um pilar em seu processo de autoaceitação e de se assumir como mulher lésbica. Sua história de amor com Valdilea Veloso, uma colega médica-cientista do HIV e parceira na vida e no trabalho, ressalta ainda mais o poder do amor em meio à adversidade. Como Grinsztejn comenta: “Para amar e viver, precisamos da coragem de ser quem somos”. Seu amor por suas duas filhas também alimenta seus esforços para criar um mundo melhor para as próximas gerações.

Grinsztejn está agora na vanguarda dos esforços para enfrentar o cenário em mudança do HIV no Brasil. “Ainda enfrentamos muitos desafios no Brasil, mas estou orgulhosa de quão longe chegamos”, diz ela. “Meu trabalho atual inclui projetos para ampliar o acesso à PrEP em todo o país, visando as populações mais vulneráveis, melhorar os serviços inclusivos para LGBTQIAPN+, cuidados afirmativos de gênero e serviços de prevenção para mulheres trans no Rio de Janeiro, além de confrontar outras questões de saúde sexual, como ISTs e a recente onda de mpox.” Ela também está investigando a viabilidade da implementação de PrEP de longa duração para prevenção em clínicas de saúde pública de PrEP no Brasil. Alinhada com sua crença no poder da defesa, seu trabalho é atento ao papel fundamental dos determinantes sociais da saúde: “Combater o HIV/AIDS significa confrontar a LGBTQIAPN+fobia, a insegurança alimentar, o racismo e outras desigualdades estruturais que perpetuam a discriminação”, afirma. A experiência de liderança de Grinsztejn se estende além do Brasil. Como Presidente Eleita da Sociedade Internacional de AIDS (IAS), ela é uma defensora firme dos direitos humanos globais e da paz. “Meu objetivo é avançar a missão da IAS de mobilizar esforços científicos, promover a unidade global e promover a dignidade humana para todos os indivíduos afetados pelo HIV. Minha perspectiva como mulher lésbica do Sul Global contribui de forma única para combater o estigma e a discriminação, garantindo que a resposta global ao HIV priorize a evidência científica e o bem-estar das pessoas, impulsionando, em última análise, uma abordagem mais inclusiva e equitativa para combater a epidemia de HIV/AIDS.”

Tony Kirby - Sociedade Internacional de Aids (IAS)

  • Foto em formato quadrado da Dra. Beatriz Grinsztejn. Fundo na cor cinza escuro. A Dra. Beatriz tem o cabelo ruivo, usa óculos redondos, tem a pele branca e está sorrindo na foto. Seu cabelo é curto, acima das orelhas

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