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17/11/2021

O papel do Núcleo de Segurança do Paciente


A Segurança do Paciente é um tema cada vez mais importante nos ambientes de saúde. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada dez pacientes sofre algum dano enquanto recebe cuidados hospitalares, sendo que 50% deles poderiam ser evitáveis. O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas instituiu, em 2013, o Núcleo de Segurança do Paciente, atualmente chefiado por Sheila Borges, e voltado para a implementação de iniciativas destinadas à segurança do paciente em toda a unidade. 

O NSP/INI atua na rotina diária de atendimento promovendo ações e orientações que impactem diretamente na redução dos riscos para os pacientes, além de articular atividades envolvendo as diferentes áreas do Instituto na busca por um melhor cuidado em saúde.

Confira, a seguir, uma entrevista com Sheila Borges sobre o papel do Núcleo de Segurança do Paciente, suas atividades e principais desafios.

O que é a Segurança do Paciente na prática?

Sheila Borges: A Portaria 529/2013 do Ministério da Saúde que instituiu, no Brasil, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) adota a definição da Organização Mundial da Saúde, admitindo que a “Segurança do Paciente é a redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde”. De maneira prática, podemos dizer que a Segurança do Paciente abrange todo o complexo conjunto de ações integradas, protocolos, procedimentos e práticas para estabelecer a qualidade e segurança na assistência prestada.

Quais as atividades que competem a um Núcleo de Segurança do Paciente?

Sheila Borges: As ações que competem a um Núcleo de Segurança do Paciente estão sustentadas nas legislações vigentes como a Portaria 529/2013 e as Resoluções da Diretoria Colegiada (RDCs) 36/2013 e 51/2014 da Anvisa. Dentre as diversas ações, podemos destacar a melhoria contínua dos processos de cuidado e do uso de tecnologias da saúde; a disseminação sistemática da cultura de segurança; a articulação e a integração dos processos de gestão de risco, bem como a implementação de boas práticas de funcionamento do serviço de saúde. Buscamos identificar e avaliar a existência de não conformidades nos processos e procedimentos realizados e na utilização de equipamentos, medicamentos e insumos, propondo ações preventivas e corretivas quando necessárias. Analisamos e avaliamos dados sobre incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde, entre diversas outras atribuições.

Qual o papel do paciente como um agente de sua própria segurança?

Sheila Borges: O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) aborda como um dos seus objetivos específicos o envolvimento de pacientes e familiares nas ações de Segurança do Paciente. Nesse sentido, iniciativas que preparem ou capacitem o paciente acerca da segurança fomentam o protagonismo necessário para que ele seja um grande colaborador do seu próprio processo de cuidado. Dessa maneira, o paciente pode agir de forma sinérgica com a equipe multiprofissional em prol da segurança na assistência. 

Podemos citar, como exemplos, ações educativas relacionadas aos protocolos de Segurança do Paciente, onde ele pode ser orientado quanto a mudança de posição no leito a cada duas horas, evitando assim Lesões por Pressão, ou sobre o risco de quedas, com informações sobre pedidos de ajuda para se levantar, do travamento da cadeira de rodas ou da manutenção das grades da cama levantadas e a correta higienização das mãos. O paciente pode solicitar aos profissionais de saúde para verificar a sua identificação na pulseira antes da realização de procedimentos ou administração de medicamentos.

O que são “eventos adversos desnecessários” e como podem ser evitados?

Sheila Borges: São considerados eventos adversos os incidentes que resultam em danos à saúde. Podemos considerá-los desnecessários quando são evitáveis. A fim de preveni-los, devemos trabalhar de maneira ampla e contínua todas ações relacionadas à Segurança do Paciente.

Quando foi implantado o Núcleo de Segurança do Paciente do INI e como ele está constituído?
 
Sheila Borges: O Núcleo de Segurança do Paciente do INI foi implantado em 2013, em consonância com a Portaria 529/2013 e a RDC 36/2013. Nosso NSP tem caráter multidisciplinar e está constituído por membros executores, que abrangem profissionais farmacêuticos(as), enfermeira, administradora, auxiliar administrativo e membros consultores (médico, fisioterapeuta e enfermeiras).

Estamos alinhados à missão e à visão do INI, e a execução de nossas atividades está balizada pelos pilares ou áreas de Gestão do Risco, Gestão da Qualidade e da Educação Continuada.

Quais os desafios enfrentados para uma plena implementação das metas da Segurança do Paciente no INI?

Sheila Borges: O desafio é fazer com que as seis metas de Segurança do Paciente e os seus respectivos protocolos sejam conhecidas  e cumpridas por todos os profissionais independente do seu cargo ou hierarquia na organização. Essas metas foram estabelecidas pela Joint Commission International (JCI), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Que ações são realizadas pelo NSP do INI?

Sheila Borges: O Núcleo de Segurança do Paciente vem promovendo atividades, ao longo dos anos, voltadas para a sensibilização e a disseminação da cultura de Qualidade e Segurança do Paciente, bem como treinamentos dos protocolos de segurança, eventos comemorativos, reuniões para implantação e implementação dos protocolos, além de planos de ação de melhorias e auditorias. Realizamos, de maneira contínua, a análise e a investigação de incidentes assistenciais, e atividades de tecnovigilância, farmacovigilância e hemovigilância,

Uma importante ação desempenhada pelo NSP em 2020 foi a participação ativa na coordenação do Plano de Contingência para Manejo de Casos de Infecção pelo novo Coronavirus (SARS-CoV-2) implementado pelo INI.

Este ano, entre as atividades realizadas, tivemos a semana comemorativa em alusão ao Dia Mundial da Segurança do Paciente, celebrado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de setembro, tem como objetivo fomentar a conscientização dos profissionais de saúde, gestores, órgãos governamentais, pacientes, educadores e sociedade civil sobre a necessidade da adoção de práticas voltadas para segurança do cuidado ao paciente nos serviços de saúde. De 17 a 24 de setembro, realizamos uma série de atividades no Hospital Evandro Chagas e no Centro Hospitalar para Pandemia de Covid-19, voltadas para a conscientização e a sensibilização dos profissionais da saúde acerca do tema. Promovemos dinâmicas em grupo que abrangeram aspectos inerentes à comunicação efetiva, às dificuldades da comunicação verbal e à segurança das informações envolvendo a equipe de saúde, tudo respeitando as medidas de segurança e o distanciamento para a prevenção e a transmissão de Covid-19.

Quais são os desafios futuros para o NSP/INI atuando em um Centro Hospitalar com quase 200 leitos além dos demais serviços existentes na unidade?

Sheila Borges: Nós temos que ampliar a cultura de Segurança e Qualidade dos Processos na instituição como um todo, atuando de forma sistêmica e envolvendo os profissionais da assistência, de apoio e administrativos nas ações praticadas pelo Núcleo. Além disso, precisamos gerar ações de melhoria efetiva associadas a um ambiente de aprendizado contínuo e amplo. Uma importante ação planejada pelo NSP é estabelecer, de forma sistêmica, a gestão proativa de riscos através da avaliação dos riscos assistenciais e de processos críticos mapeados. Nosso Núcleo tem como visão de futuro ser reconhecido nacionalmente como uma referência em Qualidade e Segurança do Paciente na área de Infectologia.

A constante capacitação profissional é uma ferramenta importante para a manutenção dos protocolos de segurança, correto?

Sheila Borges: Considerando que as metas de Segurança do Paciente são importantes ferramentas no enfrentamento às falhas assistenciais, qualificar continuamente profissionais nos protocolos relacionados é de extrema relevância para estabelecer processos assistenciais mais seguros.

Nesse sentido, podemos agregar valor na qualificação e na formação de profissionais nos requisitos internos, proporcionando assim maior engajamento na Cultura de Segurança. Além disso, é possível contribuir para a melhoria contínua da assistência prestada aos nossos pacientes.

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