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19/03/2021

Os desafios na abordagem da Aspergilose em pacientes com Covid-19 grave


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

A Vice-Direção de Pesquisa Clínica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas promoveu, no dia 17 de março, seu I Seminário Científico 2021 online com o tema Desafios na abordagem de Aspergilose em pacientes com Covid-19 grave. A palestra foi ministrada por Arnaldo Lopes Colombo, médico infectologista e professor da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), que destacou a dificuldade em se fazer o diagnóstico da doença durante um quadro clínico envolvendo o novo coronavírus. O encontro contou com as participações de Rosely Zancopé, vice-diretora do Instituto, e Dayvison Freitas, pesquisador do INI.

A Aspergilose é uma doença infecciosa causada por fungos do Gênero Aspergillus, mais comumente por Aspergillus fumigatus, presente em diversos ambientes, como solo, plantas, materiais em decomposição e de obras, por exemplo. A principal via de infecção do Aspergillus é através da inalação, permitindo que fique o fungo alojado nos pulmões e leve ao aparecimento de sintomas como tosse, falta de ar ou febre. Nem todas as pessoas desenvolvem a doença, mas quando ocorre afeta portadores de infecção avançada por HIV, neutropenia prolongada e imunodeficiência primária, assim como transplantados.

Arnaldo Lopes Colombo dividiu sua exposição em três momentos. O primeiro ponto abordado foi o problema das superinfecções em pacientes com Covid-19 grave e como isso complica aos profissionais de saúde entender a melhor forma de tratamento do paciente imunocomprometido, seja com a utilização de antibióticos ou de antifúngicos. “Esta não é uma definição fácil de ser feita”, destacou. Em seguida, traçou um rápido histórico de como grupos suscetíveis têm sido descritos no ambiente da Aspergilose em pacientes de terapia intensiva, envolvendo o aparecimento do novo coronavírus para essa população e os riscos e os desafios que isso vem trazendo para a comunidade médica. Por fim, apresentou um caso clínico da dificuldade do diagnóstico da Aspergilose concomitante com o Covid-19.

O médico infectologista ressaltou que casos de Covid-19 grave que requerem admissão na UTI são geralmente idosos com múltiplas comorbidades, o que também aumenta a suscetibilidade à Aspergilose, como doença pulmonar crônica ou diabetes. “O manejo clínico do novo coronavírus em pacientes de UTI pode envolver o uso de corticosteroides e outros imunomoduladores, que também podem colaborar para um aumento da suscetibilidade dos pacientes à Aspergilose. A desregulação imunológica e os danos pulmonares relacionados ao Covid-19 são fatores que também podem facilitar a superinfecção por Aspergillus”, destacou.

Segundo Arnaldo, o diagnóstico em Aspergilose com Covid-19 é muito desafiador, explicando que as imagens radiológicas associadas ao novo coronavírus podem atrapalhar o reconhecimento de padrões da Aspergilose invasiva. “A radiologia somente permite você entender se a doença está progredindo ou não no paciente e, associada a ela, o profissional de saúde tem que raciocinar o período de exposição ao fungo e, claro, a positividade de alguns biomarcadores e da cultura fúngica. A realização de broncoscopia, que poderia ajudar no diagnóstico, é difícil nessa população, tendo em vista os diversos aspectos de biossegurança envolvidos no processo”, afirmou.

Sobre o tratamento para a Aspergilose, Arnaldo informou que o voriconazol e o isavuconazol são alternativas para a terapia de primeira linha, e que o isavuconazol apresenta algumas vantagens farmacológicas por ser usado em pacientes criticamente enfermos, citando o caso de um paciente homem, de 25 anos, internado com Covid-19 e algumas comorbidades, cujo diagnóstico preciso para Aspergilose foi complicado de ser feito devido aos mais variados quadros clínicos apresentador por ele.

Confira a palestra completa Arnaldo Lopes Colombo no canal do INI no YouTube.

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