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05/05/2017

Simpósio sobre Psicologia Hospitalar na Área da Infectologia destaca importância da interdisciplinaridade na saúde pública


Antonio Fuchs

No último dia 26 de abril, diversos profissionais de saúde e alunos do INI estiveram reunidos no auditório do Pavilhão de Ensino para debater a importância da multidisciplinaridade dentro de um ambiente hospitalar, tendo como foco o paciente. O I Simpósio do Curso de Especialização em Psicologia Hospitalar na Área da Infectologia discutiu as especificidades da atuação de uma equipe multiprofissional, onde o plano terapêutico do paciente é definido através de uma construção coletiva envolvendo as mais diferentes áreas de atuação da saúde.

A abertura do evento contou com as presenças do vice-diretor de Serviços Clínicos, José Cerbino Neto, e a coordenadora do Programa de Pós-graduação Lato sensu do INI, Adriana Geisler. “Tenho certeza que o simpósio vai trazer profundas e intensas reflexões que contribuirão com o conteúdo do curso. Suas coordenadoras - Eunes de Castro Milhomem, Ludmila Stalleikem Sebba e Tereza Cristina Coury Amin - são pioneiras em muitas coisas e esse curso é o reflexo disso. Foram elas as primeiras a dar um passo em direção à construção de uma especialização em psicologia com ênfase na infectologia, a partir de um curso de desenvolvimento profissional aqui do INI e agora são as responsáveis pela realização desse primeiro, e certamente de muitos outros, simpósios”, ressaltou Geisler.

Cerbino destacou o sucesso alcançado pelo curso, já em sua terceira turma, culminando com a realização desse seminário e lembrou que está em processo de finalização a construção de um mapa de leitos no Hospital Evandro Chagas. “Essa é uma forma de termos, em tempo real, o conhecimento da ocupação dos leitos e o perfil dos nossos pacientes, além de melhorar a comunicação entre os profissionais na internação. Esse novo processo vai trazer uma serie de ganhos para todos nós”, afirmou.

O desafio do trabalho multidisciplinar

Reunindo uma nutricionista, um enfermeiro, um médico infectologista, uma assistente social e uma psicóloga, todos profissionais do INI, a mesa coordenada por Tereza Cristina Coury Amin, apresentou o processo de humanização que o Hospital Evandro Chagas realiza com seus pacientes e abordou a experiência de uma equipe multidisciplinar no trabalho em prol da saúde daqueles que estão em tratamento.

“Juntar os diferentes saberes para definir um plano de ação para o paciente é uma das melhores iniciativas que desenvolvemos aqui no hospital”, informou o enfermeiro Alessandro Aguiar de Lima. Ele explicou que toda semana a equipe multiprofissional do hospital se reúne para debater os rumos de tratamento de um determinado paciente e com essa maior audição individual dos pacientes, os índices de reinternação hospitalar diminuíram. “Nessas reuniões, às quintas, nós da enfermaria sempre nos perguntamos o que podemos fazer na rotina de atendimento para ajudar as demais áreas a trazer um resultado melhor para todos? Com isso, ampliamos a comunicação entre as diferentes especialidades hospitalares, ganhando, com isso, os profissionais e os pacientes”, enfatizou.

A nutricionista Adriana Costa Bacelo falou das angústias e direitos dos pacientes com a alimentação durante o processo de internação, que deve ser compreendida como um fator limitador do contexto sociocultural da pessoa que está debilitada e necessitando de cuidados. “Temos que valorizar a questão clínica do paciente e saber o que é melhor para ele. O nutricionista sempre fica numa situação de angústia ao não permitir algum alimento específico, ao mesmo tempo em que, se abrir uma exceção, pode correr o risco de causar algum mal ao paciente”, declarou. Segundo Adriana, o apoio familiar é fundamental nesse processo. “Como vamos lidar com um paciente deprimido ou ansioso por estar internado? Fazemos sempre o melhor possível e a família é de grande ajuda ao levar uma alimentação diferenciada e saudável para ele, desde que orientada por nutricionistas”, disse.

O médico infectologista Felipe Moreira Ridolfi apresentou o perfil mais comum dos pacientes atendidos no Hospital Evandro Chagas. Em geral são homens e mulheres jovens, de baixa renda e escolaridade e que, por conta dessas características, determinada ação multidisciplinar é que resultará num tratamento eficaz para o paciente, algo que o médico sozinho talvez não seria capaz de alcançar. Para exemplificar melhor Moreira citou o caso de um paciente, atendido por ele, com diagnóstico de HIV e tuberculose pulmonar que, ao ser transferido para outra área, passou a ser acompanhado por um médico diferente. “O paciente não confiava no novo médico. Ao perceber a situação decidi ir diariamente conversar com ele, em sua linguagem, explicando as medicações, as ações adotadas e quem era quem durante seu tratamento. O quadro clínico melhorou e ele recebeu alta. Esse vínculo com o paciente é fundamental, não só por parte do médico, mas de toda a equipe multidisciplinar. Essa pessoa não está interessada em quantos títulos ou diplomas você tem na parede. Ele quer saber se você vai cuidar bem dele”, ressaltou.

“Para falar de trabalho multiprofissional, primeiro precisamos compreender saúde como bem-estar físico e mental e que conta uma série de determinantes sociais. Isso deixa bem clara a necessidade da união entre as diversas áreas do saber para trabalhar melhor essa assistência à saúde, ampliando sua integração com o usuário e com a família”, afirmou a assistente social Mary Hellen Carvalho do Nascimento. Segundo Mary, para pensar todo esse processo as reuniões semanais no INI são fundamentais. Os encontros promovem uma maior integração das equipes para enxergar a saúde em sua totalidade e gerar uma troca de conhecimentos entre os profissionais que estão diariamente atuando na rotina do hospital. “Pensar junto o processo terapêutico singular do paciente, envolvendo seus familiares, é um espaço de educação permanente que conseguimos criar aqui no Instituto”, destacou Mary Hellen.

Encerrando a mesa, a psicóloga e aluna do curso de especialização, Monica de Castro Dantas Louza também abordou a importância da discussão sobre a atuação da equipe multiprofissional nos casos clínicos na internação do hospital do INI. Ela lembrou que esse tipo de debate sobre o tratar o paciente a partir de múltiplos olhares teve início há cerca de dois anos e cada especialidade - psicologia, nutrição, assistência social, enfermagem, fisioterapia e corpo médico -  faz sua avaliação e planeja, em conjunto, ações em prol do paciente buscando o cuidado singular, integral e um atendimento mais humanizado. “Essa união não vai suprimir as especialidades de cada um e sim ampliar a sintonia entre os profissionais. Cuidar é um verbo para conjugar em equipe”, concluiu.

Curso de Especialização em Psicologia Hospitalar na Área de Infectologia

O Curso de Especialização em Psicologia Hospitalar na Área de Infectologia, turma 2017, é coordenado por Eunes de Castro Milhomem, Ludmila Stalleikem Sebba e Tereza Cristina Coury Amin e busca contribuir na formação do psicólogo dentro da área hospitalar na área da infectologia, tendo como referencial teórico a psicanálise, estimulando no aluno o desenvolvimento de uma visão integral e ampliada do processo saúde doença, considerando a perspectiva da Saúde Pública. Com uma carga horária de, aproximadamente, 880 horas, as aulas vão até o dia 09 de março de 2018.

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