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06/09/2018

Qualidade de vida para os portadores de doença de Chagas crônica


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

Segundo definição a OMS, a qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto de sua cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Mas será que qualidade de vida para um portador de Doença de Chagas é a mesma de uma pessoa saudável? A reflexão sobre esses questionamentos, tema de artigo publicado em agosto na Tropical Medicine & International Health pelo chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doença de Chagas do INI, Mauro Mediano, foi apresentada no dia 03/09, durante o ChagasLeish 2018, no MedTrop.

Para o pesquisador, o conceito de qualidade de vida é muito amplo e individualizado, variando conforme a perspectiva do indivíduo e traz aspectos de multidimensionalidade como inclusão de diversas questões físicas, psicológicas, sociais, de meio ambiente, religiosos, entre outras e se diferencia do estado de saúde, que significa o nível de saúde de um indivíduo, grupo ou população avaliado de forma objetiva ou subjetiva. "Estamos vivendo uma transição epidemiológica nos últimos 30 anos, onde vem ocorrendo um aumento da expectativa de vida da nossa população, o aumento na prevalência de doenças crônico-degenerativas e, com isso, precisamos identificar os indivíduos que necessitam de maior atenção. Mas será que isso também se reflete no portador de doença de Chagas?", argumenta o pesquisador.

A análise foi feita na coorte dos pacientes do INI/Fiocruz, que conta atualmente com cerca de 1.100 pacientes em atendimento e mais de três mil já atendidos, cuja idade média é de 60 anos, sendo que 38% deles está acima dos 65 anos. “A população portadora de Chagas está envelhecendo também e apresenta diversas morbidades que aparecem com o avanço da idade. Nossos pacientes precisam de outros cuidados para além do tratamento parasitológico. Temos que tratar a hipertensão, diabetes, excesso de peso. Não podemos apenas olhar para a doença de Chagas e isso é pensar na qualidade de vida dessas pessoas”, afirmou Mediano.

“Esses pacientes já sofrem com uma doença crônica estigmatizante e que causa discriminação. Muitos deles são de baixo nível socioeconômico, migraram de zonas rurais para centros urbanos, possuem baixa escolaridade e pouco acesso a centros e serviços de saúde. A percepção de qualidade de vida por parte deles não é boa. No INI, além do atendimento e aconselhamento, propomos diversas atividades físicas e oferecemos gratuitamente os medicamentos. Lá constatamos a diferença que faz o acolhimento e a abordagem integral. Nossos profissionais vão além da relação médico x paciente”, concluiu.

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