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04/09/2018

Quando a febre não é malária: terra incógnita


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

Uma das novidades da XV Reunião Nacional de Pesquisa em Malária, que está acontecendo durante o 54° Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop 2018), são as turbo talks, espaço reservado para pesquisadores e alunos de pós-graduação apresentarem seus trabalhos no campo da malária. Entre os participantes no primeiro dia da reunião, em 03 de setembro, estava o doutorando do INI, José Augusto Moreira, com o trabalho Quando a febre não é malária – terra incógnita, que busca sintetizar sistematicamente a evidência e examinar a etiologia da doença não malária na América Latina e no Caribe através de uma revisão da literatura.

O médico explicou que historicamente a malária foi considerada a principal causa de febre infecciosa em regiões tropicais da América Latina. Com a implementação dos testes rápidos de diagnósticos e o aumento da disponibilidade dos antimaláricos, a transmissão da doença reduziu significativamente nas últimas décadas. "Existe, assim, um desafio em se fazer um diagnóstico para a identificação da etiologia febril, dada a limitação da rede de vigilância epidemiológica para as outras síndromes febris prevalentes nas Américas", destacou.

Segundo José Moreira, os critérios de inclusão na pesquisa foram os estudos descrevendo patógenos causadores de febre em pacientes tanto em regime ambulatorial ou hospitalizados na região das Américas, além de estudos nos quais houve confirmação laboratorial dos patógenos em amostras estéreis ou descrevendo o total de amostras positivas. Não foram analisados trabalhos anteriores a 1980, focados em população primariamente infectada por HIV, malária ou tuberculose ou estudos conduzidos em viajantes.

Dos mais de 23 mil artigos rastreados, 576 (2,5%) estavam elegíveis para o estudo, sendo a grande maioria deles na língua inglesa e 40% provenientes do Brasil. Como resultado do levantamento, o trabalho revelou que os principais agentes etiológicos identificados foram a dengue, em 38,9% dos trabalhos, as bactérias comuns, tanto do trato respiratório quanto da pele, em 38,3%, além de outros vírus como hepatites, influenza, chikungunya, em 22,5% das publicações.

"Os achados encontrados nessa revisão literária estimam a frequência de isolamento dos principais patógenos na região e não a sua incidência, prevalência ou risco de desenvolvimento de doença febril não malárica. Além disso, a frequência de isolamento é bastante heterogênea e varia de acordo com as técnicas diagnosticas empregadas, o período do estudo e as amostras biológicas utilizadas", afirmou.

Por fim, o doutorando acredita que esta revisão facilitará a priorização do desenvolvimento de novos testes diagnósticos nas Américas, capazes de identificar as principais etiologias febris não malárias e poderá colaborar também na formulação de estratégias de saúde pública que cosubstanciem os algoritmos de manejo da síndrome febril aguda não malárica.

Fotos: Antonio Fuchs

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