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03/09/2018

Solenidade de abertura do MedTrop 2018 lota Teatro Guararapes em Recife


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

A defesa do Sistema Único de Saúde, o impacto da pesquisa e inovação na saúde das populações negligenciadas e homenagens emocionadas marcaram a solenidade de abertura do 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical na noite de domingo, dia 02 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco. A cerimônia, presidida por Sinval Pinto Brandão Filho, presidente do Congresso e diretor do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco), contou com as presenças da presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade Lima, do subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o pernambucano Jarbas Barbosa, entre outros representantes nacionais e internacionais. O Congresso recebe ainda as reuniões satélites ChagasLeish 2018, Entomol 7, XV Reunião Nacional de Pesquisa em Malária e o Workshop da Rede-TB.

Abrindo o MedTrop 2018, Sinval Brandão Filho, lembrou do significado de ter a cidade de Recife sediando o evento, uma vez que Pernambuco sofreu recentemente com a epidemia de Zika. “A comunidade científica apresentou resposta rápida na relação causal entre a infecção pelo vírus e a síndrome congênita do Zika, evidenciada pelos casos de microcefalia e outras manifestações neurológicas”, destacou. “Nesta edição ampliada do MedTrop temos orgulho de ministrar, nesse primeiro dia de atividades, 16 cursos pré-congresso, além de apresentarmos nos dias subsequentes 3.686 trabalhos orais ou em pôsteres para os mais de 3.500 participantes inscritos. Tudo graças à parceria entre as comissões organizadoras de todos os eventos do MedTrop que, temos certeza, no final renovará as esperanças de um Brasil melhor”.

Ovacionada em vários momentos pela plateia, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que o MedTrop manifesta o compromisso dos pesquisadores com a agenda científica nacional e promove a reflexão sobre as doenças transmissíveis frente aos novos cenários que vêm se apresentando no país. “Nesse momento de dificuldades eu queria reforçar o desafio que temos em termos de desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação, pensando no acesso a medicamentos, a questão da imunização, das pesquisas direcionadas para os grandes objetivos do nosso Sistema Único de Saúde, tudo inserido na reflexão sobre os rumos do nosso país”, lembrou a presidente, destacando que Pernambuco conseguiu dar  respostas à tríplice epidemia quando surgiu em 2016 apostando em equipes multidisciplinares que trabalharam de forma articulada com a sociedade. “Nossa comunidade tropicalista tem o espírito público em todas as suas instituições. O MedTrop contribui para a construção de uma agenda vinculada com o futuro do nosso país em um momento que se coloca com bastante centralidade a defesa da democracia e a defesa da garantia de recursos para a ciência, educação, tecnologia e saúde, sem os quais é impossível o cumprimento dessa missão”, enfatizou.

O subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, lembrou que o MedTrop apresenta uma característica muito distinta em sua realização uma vez que envolve profissionais da área de pesquisa que vivem de enfrentar os problemas e encontrar soluções para os desafios de saúde pública que ainda persistem no Brasil e nos países da América Latina e Caribe e profissionais que trabalham nos mais diferentes ambientes do Sistema Único de Saúde, e pessoas que fazem essas duas coisas, criando a ponte entre pesquisa e assistência. “Temos ainda que ressaltar um dos principais pontos desse encontro que são as arboviroses. O papel dos pesquisadoresde Pernambuco nas descobertas neurológicas da Zika, o ressurgimento da Malária, além das doenças negligenciadas. Na verdade são 'doenças de pessoas negligenciadas' para as quais já existem instrumentos e tecnologias capazes de diminuir, ou até eliminar, sua existência. Essas doenças trazem um impacto enorme porque deixam sequelas importantes na vida das pessoas. Fomentam o círculo vicioso dos mais pobres que adoecem por causa delas e, por ficar doentes, têm mais dificuldades de sair da pobreza. Tenho certeza de que esse congresso vai olhar para todas essas questões e apresentar soluções para a sociedade”, disse Jarbas Barbosa.

Eventos satélites

Os coordenadores dos quatro eventos satélites do MedTrop também deram as boas-vindas ao público durante a solenidade de abertura. A coordenadora geral da XXXIII Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e da XXI Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses (ChagasLeish 2018) e pesquisadora do INI, Andréa Silvestre, destacou durante sua fala o tema central do encontro “SUS e o compromisso real do Brasil com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - integrando acesso, assistência, vigilância e pesquisa em saúde”. Na ocasião, mais de cem representantes de movimentos de luta contra várias Doenças Tropicais Negligenciadas (doenças de Chagas, leishmanioses, hanseníase, esquistossomose, filariose, hepatites virais e infecção por HIV/aids) que estiveram presentes à abertura apresentaram a carta elaborada durante o Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, realizado em 01º de setembro de 2018, aonde sintetizam suas reivindicações, anseios e preocupações.

Maria Helena Neves, da coordenação do Workshop Entomol 7-Sove Brazil, lembrou que o objetivo do evento é promover a discussão e o debate de temas contemporâneos da biologia e do controle de insetos vetores de doenças tropicais, visando o fortalecimento e integração dos grupos de pesquisa atuantes nesta área do conhecimento.

O presidente da XV Reunião Nacional de Pesquisa em Malária, Wuelton Monteiro, considera os debates que serão realizados no encontro fundamentais para que sejam apresentadas novas soluções para o aumento significativo de casos de malária em nível global conforme informado pela OMS e que os pesquisadores apresentem novas propostas para erradicar a doença dessas pessoas que são negligenciadas nas áreas mais pobres do Brasil e nas áreas mais remotas da região Amazônica.

Por fim, o representante do Workshop da Rede-TB, Julio Croda, informou que os participantes do encontro buscam auxiliar no desenvolvimento não só de novos medicamentos, novas vacinas, novos testes diagnósticos e novas estratégias de controle de TB, mas também na validação dessas inovações tecnológicas, antes de sua comercialização no país e/ou de sua implementação nos Programa de Controle de TB no Brasil.

Homenagens

Reconhecendo a trajetória de pesquisadores que construíram a história recente da medicina tropical brasileira, o MedTrop 2018 promoveu uma série de homenagens como encerramento da solenidade. Em primeiro lugar, a representante do ChagasLeish, Liliane da Rocha Siriano, entregou uma placa ao presidente de honra do evento, Alejandro Luquetti. O ex-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Mittermayer Galvão, entregou a Medalha do Mérito Científico Carlos Chagas ao professor Jefrrey Shaw, um dos pesquisadores mais destacados da Medicina Tropical no mundo, que dedicou sua trajetória profissional ao estudo das Leishmanias desde que se mudou para o Brasil em 1965. Em seguida, a coordenadora geral do ChagasLeish 2018 e pesquisadora do INI, Andréa Silvestre, junto a presidente da Associação dos Pacientes Portadores de Doença de Chagas, Insuficiência Cardíaca e Miocardiopatia de Pernambuco (APDCIM/PE),  Maria José de Queiroz, homenageou o médico cardiologista Wilson Oliveira Jr. pela sua dedicação e prática médica humanizada no cuidado e no acolhimento aos pacientes com a doença no estado de Pernambuco. Por fim, a professora Antoniana Krettli prestou uma homenagem póstuma a imunologista brasileira Ruth Nussenzweig, que dedicou sua vida a descobrir uma vacina contra a malária produzida a partir dos estudos que ela e seu marido, o também imunologista Victor Nussenzweig, desenvolveram nas últimas décadas. A honraria foi recebida pela filha do casal, Sonia Nussensweig. Além deles, também foram homenageados outros 37 pesquisadores, entre eles o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Amilcar Tanuri, que lamentou o incêndio que consumia o Museu Nacional (UFRJ) naquele instante.

Prêmio Jovem Pesquisador 2018

Encerrando a noite, o pesquisador André Siqueira, do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do INI,  recebeu o Prêmio Jovem Pesquisador 2018, oferecido pelo Instituto Mérieux em parceria com a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. A honraria busca estimular jovens pesquisadores brasileiros que se destacam no campo da medicina tropical.

Fotos: Antonio Fuchs e Juana Portugal

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