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16/12/2020

Webinar aborda aspectos clínicos, laboratoriais e epidemiológicos da Histoplasmose


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

Rosely Maria Zancopé Oliveira, vice-diretora de Pesquisa Clínica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), e Marcos de Abreu Almeida, pesquisador do Laboratório de Micologia do INI, participaram, em 26/11, do Webinar Histoplasmose: Aspectos clínicos, laboratoriais e epidemiológicos, organizado pelo Ministério da Saúde. A doença, que é uma micose sistêmica causada pela inalação de fungos do tipo Histoplasma capsulatum, é endêmica no Brasil e pode se manifestar como uma infecção pulmonar crônica grave, como também atingir outros órgãos do corpo. O evento virtual, que contextualizou a situação nacional da Histoplasmose, além das diferente formas de diagnóstico e tratamento, contou ainda com as participações de Lisandra Serra e Terezinha Leitão, ambas da Universidade Federal do Ceará.

O estado da arte da Histoplasmose no Brasil foi o tema abordado por Rosely Zancopé, que também mediou o webinar. Durante sua fala, a pesquisadora explicou que, com a inalação dos esporos do fungo Histoplasma capsulatum, comumente encontrado em fezes de pássaros e morcegos, a pessoa pode ser contaminada e que, aproximadamente 90% dos casos são assintomáticos ou provocar um estado gripal brando, não requerendo assistência médica, e destacou que na América Latina a real incidência da doença é desconhecida por não ser de notificação compulsória.

Já nos quadros sintomáticos, as manifestações clínicas são determinadas pelo tipo de histoplasmose que se instala no indivíduo, sendo classificadas como histoplasmose pulmonar aguda (caso isolado) ou epidêmica; histoplasmose pulmonar cavitária crônica; ou histoplasmose disseminada progressiva. Uma vez manifestada em seu modo crônico ou disseminado, a doença pode causar comprometimento de outros órgãos, podendo ocorrer perda de peso, tosses crônicas, dificuldades respiratórias e, se não tratada, levar à morte. O diagnóstico é dificultado pois os sintomas e exames podem levar à confusão com outras doenças, como pneumonia, gripe ou tuberculose.

A pesquisadora apresentou também o cenário da Histoplasmose no Brasil entre 1939 e 2017, destacando que Ceará é o estado com maior número de casos reportados e que, em pacientes soropositivos, é responsável por 86% de casos de histoplasmose em todo território nacional, com uma mortalidade que chega a quase 30%. "No caso das infecções oportunistas no Brasil, a Histoplasmose ocupa o 5º lugar, atrás de tuberculose, pneumocistose, toxoplasmose e criptococcose. Mas quando elas estão agregadas com a Aids, a histoplasmose fica em terceiro lugar, com cirptococcose em segundo e a candidíase em primeiro lugar", destacou.

Lisandra Serra foi a segunda a se apresentar e falou sobre os as diferentes manifestações clínicas da Histoplasmose, lembrando que a infecção assintomática ou subclínica corresponde a 90% dos casos. "Nos 10% dos casos restantes podemos encontrar as formas pulmonar, sendo aguda ou crônica, disseminada, crônica ou progressiva, e mediastinal, nas formas de linfadenite, granuloma ou fibrose", disse.

Marcos de Abreu Almeida, do Laboratório de Micologia do INI, abordou os desafios enfrentados no diagnóstico da Histoplasmose no Brasil. Segundo o pesquisador, "os fatores epidemiológicos são fundamentais no diagnóstico da doença e dão excelentes direcionamentos uma vez que a histoplasmose é passível de ser confundida com outras infecções como a tuberculose”. O pesquisador afirmou que os dados epidemiológicos aliados às manifestações clínicas apresentadas pelo indivíduo e os exames de imagem fornecem dados que são importantes para se fazer o diagnóstico correto da doença.

Ao falar dos diferentes métodos de diagnóstico existentes para a doença, Marcos ressaltou que os principais desafios encontrados atualmente são a necessidade de um melhor treinamento dos profissionais de saúde para reconhecer a doença; a capacitação dos laboratórios de rotina diagnóstica para realizar os testes mais adequadamente, ampliar a infraestrutura para manipulação do agente causador da doença, pois é um fungo de classe 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade) e requer uma boa estrutura para seu manuseio, e promover um acesso a exames laboratoriais mais rápidos e mais sensíveis à doença.

Encerrando as apresentações, Terezinha Leitão falou sobre os diferentes tratamento para a Histoplasmose através do uso de medicamentos antifúngicos, que acabam por matar o fungo e seus esporos progressivamente. Além disso, são medicamentos utilizados que aliviam os sintomas causados pela doença, como a febre e as dores musculares tais como a anfotericina B, o itraconazol, o fluconazol, o voriconazol, entre outros. Ao falar de pacientes soropositivos, a expositora afirmou que o "diagnóstico precoce e pronto início da terapia antifúngica são essenciais para a sobrevida de pacientes com HIV e Histoplasmose disseminada", concluiu.

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