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16/06/2021

Pesquisadora do INI participa de webinar do Ministério da Saúde sobre paracoccidioidomicose


Texto: Antonio Fuchs / Edição: Juana Portugal

Priscila Marques de Macedo, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatologia Infecciosa do INI, foi uma das moderadoras do Webinar Paracoccidioidomicose II, promovido pelo Ministério da Saúde no dia 08 de junho. O evento abordou temas importantes como a terapêutica e o manejo dos casos, a busca por novas alvos diagnósticos e terapêuticos, além de apresentar a experiência de um estudo ecoepidemiológico de campo no Nordeste do Brasil. A pesquisadora destacou que o webinar trouxe novas perspectivas para combater a doença, complementando o primeiro encontro realizado em 12 de maio, no qual foi expositora. “Percebemos que existe uma iniciativa do Ministério da Saúde em aprofundar os conhecimentos sobre a paracoccidioidomicose e isso se reflete neste segundo encontro e em como temos diversas iniciativas e frentes para uma doença que não é esquecida, pelo menos por nós que estamos dedicando nossos estudos a ela”, afirmou.

A atividade contou com exposições de Ricardo de Souza Cavalcante, do Hospital das Clínicas da Unesp; Erika Seki Kioshima, da Universidade Estadual de Maringá; Clayton Luiz Borges, da Universidade Federal de Goiás e Marcus de Mello Teixeira, da Universidade de Brasília. Acompanharam a pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas na moderação do webinar: Sinaida Teixeira Martins, da Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas do Ministério da Saúde, e Gil Benard, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Ricardo de Souza Cavalcante, do Hospital das Clínicas da Unesp, falou sobre o tratamento da paracoccidioidomicose (PCM), descrita pela primeira vez em 1908 por Adolfo Lutz e destacou a evolução das drogas utilizadas ao longo das décadas. “Até 1940 não havia nenhum tipo de tratamento para combatê-la, sendo a sulfaperidina o primeiro fármaco utilizado como terapia”, informou Ricardo. “Hoje, no Brasil, temos três grandes medicamentos em utilização para cuidar dos pacientes: o itraconazol, a combinação de sulfametoxazol e trimetoprima, e a anfotericina B, mais aplicada para pacientes graves. O objetivo do tratamento é justamente tentar reduzir a carga fúngica para que haja uma recuperação imunológica do indivíduo de maneira que, ao se retirar a medicação, reduza-se o risco de reativação e também se evite a reinfecção da doença”, destacou. O pesquisador  salientou que com o avanço das pesquisas em PCM, são esperados tratamentos mais seguros e potentes, com menos efeitos colaterais e trazendo uma redução do tempo de terapia a partir do desenvolvimento de novas drogas como opções futuras.

A busca por novas moléculas que atuem como opções terapêuticas para as doenças fúngicas, especialmente para a PCM, foi abordada por Erika Seki Kioshima, da Universidade Estadual de Maringá. “As principais dificuldades que encontramos para a paracoccidioidomicose estão no tratamento prolongado, nos efeitos colaterais e nas sequelas deixadas nos pacientes”, explicou. A pesquisadora apresentou dados de um estudo que procura alternativas terapêuticas através da genômica e abre novas estratégias para o desenvolvimento de drogas e do controle de doenças humanas. “O perfil preferido para os alvos fúngicos inclui proteínas conservadas entre os fungos, mas ausentes no genoma humano. Essas características minimizam potencialmente os efeitos colaterais tóxicos exercidos pela inibição farmacológica dos alvos celulares. Com as análises pós-genômicas obtivemos informações relevantes para o futuro desenvolvimento de novos medicamentos”, salientou. Erika citou ainda sobre a utilização de uma nova classe de oxadiazólicos (compostos químicos) como uma perspectiva inovadora para o tratamento da PCM.

Clayton Luiz Borges, da Universidade Federal de Goiás, falou sobre o uso de imunoproteômica, para identificar proteínas presentes no agente infeccioso que tenham potencial de induzir resposta imune no hospedeiro, com finalidade de melhorar o imunodiagnóstico da PCM, além do uso da bioinformática para analisar os dados gerados nas pesquisas. “Identificamos proteínas em pesquisas experimentais que podem ser utilizadas para tratamentos futuros, embora precisemos explorar mais a relação delas na interação patógeno-hospedeiro e novos alvos para diagnósticos”, destacou.

Encerrando as apresentações, Marcus de Melo Teixeira, da Universidade de Brasília, abordou a ecoepidemiologia da PCM no Nordeste brasileiro, uma das linhas de estudo do projeto Limites geográficos da PCM e da coccidioidomicose no Norte do Brasil que tem, entre os pesquisadores principais envolvidos, Bodo Wanke, do Laboratório de Micologia do INI, pesquisador emérito da Fundação Oswaldo Cruz e coordenador do Laboratório de Referência Nacional para Micoses Sistêmicas (CGLAB/SVS/MS). “Essa área é um extenso cerrado, com muita diversificação de biomas quando comparada a outras regiões do Brasil e isso pode favorecer para uma diferente ocorrência das micoses. Outro fator importante é a região do Matopiba, uma nova fronteira agrária no país, composta por Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins, com um alto investimento do agronegócio e agricultura, cujo desmatamento está intimamente associado à alta incidência das micoses sistêmicas no país. Estamos realizando um trabalho de campo, especialmente no Piauí, para estudar essas duas doenças (PCM e coccidioidomicose), descritas em cães e detectadas no solo, principalmente em tocas de tatus”, informou o pesquisador. Os resultados do projeto serão apresentados ao Ministério da Saúde, bem como disponibilizados entre profissionais de saúde do Nordeste, com intuito de se criar um maior alerta sobre estas importantes e negligenciadas endemias fúngicas do Brasil.

Primeiro webinar sobre paracoccidioidomicose

No dia 12/05, Priscila Marques de Macedo participou como expositora do Webinar Novos aspectos epidemiológicos e clínico-laboratoriais e terapêutica da paracoccidioidomicose, também promovido pelo Ministério da Saúde, apresentando a experiência do INI no tratamento de pacientes com esta doença negligenciada, além de um estudo realizado na Baixada Fluminense para identificar a presença de Paracoccidioides brasiliensis nas margens da rodovia BR-493, em virtude das obras de construção do arco metropolitano. Saiba mais clicando aqui.

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