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11/11/2022

Homenagem a Bodo Wanke é destaque no encerramento do Simpósio INI 104 Anos


Alexandre Magno | Fotos: Erik Barros Pinto

O segundo e último dia do Simpósio INI 104 Anos (09/11) abriu a manhã dando destaque a Micologia com a mesa redonda Micologia no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas – Ontem, Hoje e Amanhã, com a presença da vice-diretora de Pesquisas do INI/Fiocruz, Rosely Zancopé e do chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Dematologia do INI, Antônio Carlos Francesconi do Valle,  seguida pela homenagem ao pesquisador do INI e Pesquisador Emérito da Fiocruz, Bodo Wanke, falecido em 2021 em decorrência da covid-19.

Durante sua fala, Rosely mostrou fotos de 25 colegas, responsáveis pela transformação do INI em referência à pesquisa relacionada à Micologia, inclusive o homenageado do dia, Bodo Wanke. Hoje a equipe é composta por 31 profissionais e tem a coordenação do pesquisador Rodrigo Moreira Paz.

Para Rosely, a perspectiva para o laboratório de micologia é desenvolver e implantar novos testes de diagnósticos, criar patentes e formalizar parcerias públicas e internacionais. Além disso, está a possibilidade de melhorar a infraestrutura através de um novo pavilhão já batizado de Bodo Wanke, com novos equipamentos e aumento do número de pós-doutores, assim como do curso de EAD com os princípios básicos de diagnósticos das micoses.

Homenagem a Bodo Wanke

A homenagem ao pesquisador falecido Bodo Wanke foi marcada por muita emoção entre os presentes e contou com apresentação da pesquisadora do INI Maria Regina Cotrim de viúva do pesquisador Marcia dos Santos Lázêra (ex-pesquisadora do INI) e da diretora do INI, Valdiléa G. Veloso.

Maria Regina Cotrim narrou a trajetória do pesquisador. Filho de imigrantes alemães, Bodo sempre se mostrou interessado pelos estudos e tinha como sonho ser médico formado pela Universidade do Brasil. Após terminar os estudos secundários, iniciou na universidade, onde também fez mestrado e doutorado em Doenças Infecciosas e Parasitárias. Se especializou em Micologia Médica na Universidade de Freiburg, na Alemanha, e em Medicina Tropical e Parasitologia Médica na Universidade de Hamburgo.

Entrou para o Instituto Oswaldo Cruz em 1980, mas só em 1986 foi para o INI/Fiocruz, onde foi diretor entre os anos de 1994 e 1997. Em sua gestão, fundou o Laboratório de Referência Nacional para Micoses Sistêmicas do Ministério da Saúde.

Sua relevância para o Brasil e o mundo lhe tornou membro honorário nacional da Academia Nacional de Medicina e pesquisador honorário da Sociedade Internacional de Micologia Humana e Animal (ISHAM), também recebendo o título de Pesquisador Emérito da Fiocruz.

A viúva do pesquisador, Marcia dos Santos Lazêra fez um resumo de sua própria trajetória e como começou a trabalhar com Bodo, destacando o quanto ele se abraçava a ideologia de Oswaldo Cruz em seu trabalho de pesquisar o paciente e buscar em campo a solução, dando exemplos marcantes de atuação do pesquisador.

A ex-diretora do INI, Keila Marzochi falou sobre a experiência de trabalhar e conviver com Bodo Wanke, destacando sua admiração pela inteligência ampliada e profunda do colega, assim como a bandeira que tinham em comum, que era a da multidisciplinalidade integrada.

A atual diretora do INI/Fiocruz, Valdiléa G. Veloso, encerrou a homenagem lendo a autorização da viúva para a liberação do acervo pessoal de Bodo Wanke. Que será disponibilizado agora para o público, nele estão objetos e manuscritos do próprio pesquisador, “uma preservação da história científica do Brasil”, concluiu a diretora.

A Micologia no INI

A mesa redonda Destaques da Micologia do INI encerrou a programação da manhã do dia 09, com uma exposição mais ampla sobre as pesquisas e atividades realizadas no instituto. Rodrigo de Almeida Paes, pesquisador do INI/Fiocruz, apresentou o projeto reposicionamento de fármacos como estratégia para descoberta de novos medicamentos para tratamento de doenças fúngicas. A metodologia ficou bastante conhecida na pandemia de Covid 19, por agilizar a descoberta de novos medicamentos.

A segunda participante da mesa redonda, Priscila Marques de Macedo, pesquisadora do INI, abordou as mudanças no perfil paracoccidioidomicose no estado do Rio de Janeiro. Antiga aluna e colega do Dr. Bodo, o homenageado do dia, Priscila chegou a se emocionar ao narrar seu trabalho de pesquisa e ensinamentos apreendidos com o ex-professor.  

Ela explicou que a doença é negligenciada e ainda não integra notificação compulsória, o que impede uma ação mais imediata sobre possíveis endemias e surtos. Segundo Priscila, o INI identificou mudanças epidemiológicas significantes no estado do Rio de Janeiro, que ampliam a forma aguda da doença, em decorrência das mudanças rodoviárias e pelo desmatamento ascendente. A pesquisadora está fora do país e fez sua participação remotamente.

O pesquisador Lucas Machado Moreira substituiu Luciana Trilles que está em missão na Antártica e não conseguiu participar remotamente. Ele abordou o Projeto Fionatar, uma profunda pesquisa sobre os fungos presentes na Antártica, assim como as dificuldades encontradas por ser o continente mais frio, mais seco, com maiores intensidades de ventos, que abriga 90% da massa de gelo do mundo, 70% da água potável, assim como inúmeros minerais como petróleo, lítio e ouro.

Para fechar a mesa redonda da manhã, a pesquisadora Maria Clara Gutierrez Galhardo apresentou o tema “Esporotricose no INI: experiência das últimas duas décadas”. Ela revelou que de 1986 a 2022, foram 5600 casos atendidos pelo INI. Acompanhe aqui a gravação da programação completa da manhã do dia 09/11. https://youtu.be/l4y-oh9Xt8s

Pesquisa e Inovação no INI

A programação da tarde do último dia do Simpósio abordou o tema Pesquisa e Inovação no INI. Duas mesas debateram o assunto sob a moderação do vice-diretor de Ensino do INI, Mauro Brandão Carneiro.  Valdiléia Veloso abriu a primeira mesa falando sobre o tema Projeto ImPrEP – Principais resultados, que visa implementar a profilaxia preventiva ao HIV, com foco nas populações mais vulneráveis a infecção pelo vírus.

O pesquisador Rodrigo Caldas Menezes fez uma “Avaliação da Hibridização in situ colorimétrica, histopatologia, imuno-histoquímica e qPCR para diagnóstico de leishmaniose tegumentar americana causada pela Leishmania Brasiliensis em amostras de pele”.

A pesquisadora Lara Esteves Coelho explicou aos presentes, como é realizada a pesquisa na região onde está localizada a Fiocruz, em Manguinhos. O projeto “Manguinhos COMVIDA 1: Estudo de base populacional da Soroprevalência de Anti-SARS-Cov-2 no complexo de Manguinhos”, viabilizou ações mais diretas no combate ao vírus e a covid-19, já que identificou o perfil mais vulnerável a pandemia.

A pesquisadora Mayumi Duarte fez um resumo sobre o que é a “Inteligência Artificial aplicada à Varredura de Horizonte para as doenças emergentes e reemergentes”. O projeto é novo e ainda está em andamento, mas apresenta uma grande inovação na forma de se detectar riscos epidemiológicos de surtos e pandemias, agravos inusitados de causas desconhecidas, danos de desastres ou desassistência a doenças padrões.

A segunda mesa redonda que abordou “Pesquisa e Inovação no INI/Fiocruz –teve a participação dos pesquisadores Cristiane Fonseca de Almeida, Maria Cristina Lourenço, Rodrigo de Carvalho Moreira e Lucas Passamonti de Souza.

Cristiane Fonseca apresentou estudo amplo sobre o acúmulo de lipídios no fígado com portadores de HIV, na apresentação “Lipídeos Dietéticos e Ácidos Graxos Plasmáticos e sua Associação com Doença Hepática Gordurosa não alcóolica em pessoas vivendo com HIV/aids (DHGNA).  

Rodrigo Moreira abordou a Cessação do tabagismo associado a melhora vascular a curto prazo em uma coorte de pessoas vivendo com HIV no Rio de Janeiro. “Embora tenha boas notícias ao afirmar que o Brasil apresenta quedas em fumantes como um todo, as taxas de fumantes entre pessoas com HIV são de 2 a 3 vezes maiores que a população em geral”, destacou o pesquisador.

Lucas Passamonti  explicou a importância da Aplicação de automatização de processos como aliada à gestão assistencial em infectologia, onde utilizam a metodologia Lean (muito usada em indústrias) e que hoje é indicada para o sistema de saúde. Lucas destaca que há três pilares a serem seguidos nessa pesquisa: o foco no paciente, melhora contínua dos processos e evitar desperdícios de forma geral.

No encerramento do Simpósio, a diretora Valdiléia Veloso agradeceu a todos os participantes e ouvintes, assim como aqueles que colaboraram para que ele pudesse acontecer. E reforçou a temática também dita por outros palestrantes, sobre a necessidade de que todos mantenham a união entre as equipes.

O grupo musical Discípulos de Oswaldo - formado por trabalhadores colaboradores da Fiocruz - fez o encerramento festivo do Simpósio que marcou os 104 anos do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. 

Acompanhe aqui a gravação da programação completa da tarde do dia 09/11. https://youtu.be/xBb9pJjOERQ

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