TB, chagas, hepatites virais e doenças fungicas marcam a presença do INI no primeiro dia do Medtrop2025
Por Julliana Reis e Alexandre Magno
O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) segue participando do 60º Congresso de Medicina Tropical (Medtrop 2025) – organizado pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) – que está acontecendo no Centro de Convenções de João Pessoa, na Paraíba, entre os dias 2 e 5 de novembro.
Nesta segunda-feira (3), o INI marcou presença em diversas mesas do evento, tendo pesquisadores como moderadores e palestrantes de variados temas.
Para começar o dia, a médica e pesquisadora Valeria Rollla foi moderadora da mesa redonda Manejo da TB em pessoas em cuidados intensivos e pós-alta, que fazia parte do XII Workshop Nacional da Rede TB, que acontece simultaneamente ao Medtrop. A mesa também contou com palestras de outras instituições, como Francisco Beraldi, médico infectologista e professor do FFP; Jorge Luiz da Rocha, médico da ENSP/Fiocruz, e Mariângela Resende, médica e professora da USP.
Valéria ao analisar a mesa, destacou que os casos de tuberculose aumentaram em número e gravidade, e os resultados (desfechos) dos tratamentos estão “muito piores”. Ela atribui isso a diversos fatores como diagnóstico tardio, o envelhecimento dos pacientes de TB que muitas vezes têm comorbidades como diabetes, e doença pulmonar obstrutiva.
Ela considera, entretanto, o HIV, a pior comorbidade para quem tem TB, “devido às limitações e interações farmacológicas entre os medicamentos antirretrovirais (para o HIV) e os fármacos para a TB, mas ela reconhece que o medicamento dolutegravir – que trata as duas doenças – chegou para mudar isso. “O dolutegravir permite que a gente faça o tratamento da tuberculose. Ele chegou pra mudar. E isso nos dá uma oxigenação”.
Simultaneamente, ocorria a mesa redonda Fases e faces da doença de chagas: enfoques cardíaco e digestivo, que fazia parte do CHAGASLEISH 2025. A médica Andrea Silvestre debateu o assunto com Alejandro Luquetti e Rosalia Morais Torres. Eles traçaram aspectos importantes da discussão de cenários clínicos da doença de Chagas, iniciando com a doença de Chagas aguda, dando destaque para a descrição dos casos agudos da região amazônica brasileira por transmissão oral. Também foi abordada a questão de recém-nascido filho de uma mãe positiva com doença de Chagas, que é um caso clássico de doença de Chagas aguda, o tipo de caso que têm necessidade de uma notificação imediata e compulsória no nosso território nacional. As formas digestiva e cardíaca da doença também foram debatidas na mesa.
“Nós estamos trazendo aqui a demonstração clínica para as pessoas que fazem parte dos serviços de saúde, dos serviços de atenção pública no nosso país, de uma doença totalmente negligenciada. Muitas das vezes as pessoas que estão aqui e estão diante de indivíduos acometidos por doença de Chagas, que desconhecem o seu diagnóstico porque é uma doença negligenciada, e se esses profissionais de saúde também não têm esse conhecimento sobre a doença a gente acaba tendo as subnotificações e a ideia falsa ideia de que a doença de Chagas não existe mais no nosso território”, explica Andrea. “Com o nosso trabalho no INI, por exemplo, podemos demonstrar que sim, existem casos da doença nos grandes centros urbanos e a mobilidade humana permite com que nós possamos fazer o diagnóstico no Rio de Janeiro”, destacou ela.
Em seguida, o INI foi devidamente representado na pessoa do seu diretor, Estevão Portela, que ministrou a palestra de tema Eliminação das hepatites virais – aonde estamos?, sob a coordenação de Keyla Marzochi, ex- diretora do INI.
Em paralelo, André Siqueira estava moderando a mesa A contribuição da rede hospitalar federal para a pesquisa e inovação em doenças tropicais, enquanto Dayvison Freitas, médico dermatologista e chefe do LaPClin-Derm, moderava a mesa Infecções fúngicas como problema de saúde pública.
Na parte da tarde, Dayvison participou da mesa Atualização em micoses do sistema nervoso central, com a palestra Meningite por Sporothrix brasiliensis: novo desafio no Brasil. A esporotricose, doença abordada pelo médico, normalmente é uma micose que afeta a pele. Mas com o aumento do número de casos, também aumenta a quantidade de casos mais graves, que são raros, mas quando aumenta, deixa de ser raro. “É o extremo da doença que a gente vê, em termos de gravidade, que são casos de esporotricose no sistema nervoso central, causando principalmente meningite. Então, são os pacientes que mais preocupam, apesar de serem poucos. É um desafio muito grande conseguirmos diagnosticar e tratar adequadamente”, revela Dayvison. A mesa foi moderada pelo médico da Unesp Rivaldo Poncio Mendes, que também ministrou uma palestra, além da médica da UFCE Terezinha do Menino Jesus.
Fechando o dia, a biomédica Rosely Zancopé participou da mesa Fungos em foco: novos marcadores diagnósticos e novos cenários na terapia antifúngica, ministrando a palestra Métodos rápidos no diagnóstico da criptococose, histoplasmose e pneumocistose em pacientes com HiV/ AIDS. A médica ressaltou que as coinfecções são muito frequentes, e devem ser detectadas imediatamente para evitar o óbito, uma vez que a mortalidade é muito alta em pacientes com HIV. “Acreditamos que um método molecular que pegue pelo menos três doenças fúngicas e doenças bacterianas vai fazer uma diferença no diagnóstico” concluiu ela.
Considerado o maior evento multidisciplinar em Medicina Tropical da América Latina, o Medtrop reúne mais de 3 mil participantes. Saiba mais sobre a participação e a programação do INI para os próximos dias de evento aqui.
Confira também a programação completa do Medtrop.


























