Encontro discute macroprojeto em Doença de Chagas e apresenta experiências internacionais
Carolina Landi
A cidade de Mangaratiba (RJ) sediou o XI Encontro do Programa Integrado de Doença de Chagas. Realizado entre os dias 13 e 15 de maio, o evento contou com a presença de diretores, pesquisadores e convidados da Fiocruz, além de representantes do Ministério da Saúde do Brasil e da Argentina, e da empresa farmacêutica Novartis.
O encontro teve por objetivo avaliar o andamento e promover discussões sobre a produção do macroprojeto do Programa, que envolve dois eixos principais: prevenção e controle da Doença de Chagas aguda e atenção integral ao portador crônico do SUS. Também foram apresentadas iniciativas de programas para informação em Doença de Chagas no Brasil e Argentina, e experiências internacionais, através da Federación Internacional de Personas Afectadas por la Enfermedad de Chagas (FindeChagas).
“O evento foi um sucesso. Conseguimos finalizar o macroprojeto, que era nossa intensão desde o início da gestão. Observamos que as pessoas aderiram e abraçaram a ideia”, conta a pesquisadora Mariana Waghabi, do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática (IOC). O texto do macroprojeto, que está em fase de revisão, será entregue ao Vice-Presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência (VPPLR), Rodrigo Stabeli, que participou da abertura do evento, ao lado do vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz, Hugo Caire de Castro Faria Neto e os então coordenadores do PIDC, Luciana Ribeiro Garzoni, Roberto Magalhães Saraiva e Mariana Waghabi.
A estratégia educativa em doença de Chagas, que contou com a participação de Marcos Vanier (projeto Ciência na Estrada), Jacenir Mallet e Mariana Sanmartino, abriram o encontro. A parte clínica da doença também foi abordada e contou com experiências internacionais. Temas como surtos agudos na Venezuela e no Paraguai, apresentados, respectivamente pelo Dr. Oscar Noya e Dra. Graciela Russomando.
O médico e pesquisador Luiz Henrique Sangenis (Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas – INI/Fiocruz) apresentou os resultados de sua tese de doutorado, “Doença de Chagas em naturais do estado do Rio de Janeiro: aspectos clínico-epidemiológicos, caracterização molecular parasitológica e estudo ecoepidemiológico dos casos autóctones (que são naturais do estado)”. Defendida em 2013, a tese identificou e descreveu os aspectos clínicos, laboratoriais e epidemiológicos da doença de Chagas em pacientes naturais do estado do Rio de Janeiro.
A novidade da décima primeira edição do encontro foi a participação da empresa farmacêutica Novartis, que está firmando um acordo com a Fiocruz para desenvolver um estudo multicêntrico que deve realizar um ensaio clínico (a partir de 2015) com uma nova droga para tratamento da doença de Chagas. “O Instituto de Infectologia Evandro Chagas conta, hoje, com aproximadamente 900 pacientes em tratamento”, informa o médico e pesquisador do INI e então coordenador do PIDC, Roberto Saraiva.
Estratégias
Além do relato de experiências, o Programa elaborou propostas de estratégias documentativas. A redação de uma carta para o Ministério da Saúde visando à inclusão de um representante de doença de Chagas na Secretaria de Atenção à Saúde (para a inserção do tema em iniciativas como o Programa Saúde da Família) e a inclusão do PIDC como consultor técnico-científico nas reuniões do Cone-Sul. “Nesse documento, tivemos o apoio do Dr. Sergio Sosa (Ministério da Saúde da Argentina), que vai redigir uma carta à OPAS, reforçando a solicitação. A ideia é que a discussão do nosso fórum tenha espaço na América Latina inteira, servindo como base para políticas públicas de outros países que também estejam acometidos pela doença”.
O anúncio da nova coordenação do PIDC marcou o encerramento da reunião. Foram nomeados como novos coordenadores, os pesquisadores Rubem Menna Barreto, do Laboratório de Biologia Celular do IOC; Marli Lima, do Laboratório de Ecoepidemiologia de Doença de Chagas do IOC, e Gilberto Sperandio, do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doença de Chagas (LapClin-Chagas) do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Ipec).